domingo, novembro 26, 2006

cesariny



De profundis amamus

Ontem

às onze

fumaste

um cigarro

encontrei-te

sentado

ficámos para perder

todos os teus eléctricos

os meus

estavam perdidos

por natureza própria.

Andámos

dez quilómetros

a pé

ninguém nos viu passar

excepto

claro

os porteiros

é da natureza das coisas

ser-se visto

pelos porteiros

Olha

como só tu sabes olhar

a rua os costumes

o Público

o vinco das tuas calças está cheio de frio

e há quatro mil pessoas interessadas

nisso

Não faz mal abracem-me

os teus olhos

de extremo a extremo azuis

vai ser assim durante muito tempo

decorrerão muitos séculos antes de nós

mas não te importes

não te importes

muito

nós só temos a ver

com o presente

perfeito

corsários de olhos de gato intransponível

maravilhados maravilhosos únicos

nem pretérito nem futuro tem

o estranho verbo nosso

À tua! Aos nossos estranhos verbos! Outra vez a esta voz! à tua voz! Bebamos!

3 Comments:

Blogger  said...

Esta é uma excelente forma de celebrar Cesariny. Mais um que vai, ainda que o legado tenha no tom o ficar...

8:18 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger manhã said...

Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

9:44 da manhã <$BlogCommentDelete>
Anonymous Anónimo said...

pé: Ficará, não pode deixar de ser.
Olha, gosto da expressão " tenha no tom" é musical!

9:47 da manhã <$BlogCommentDelete>

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