Paul Cezanne, 1839/1906, Aix-en-Provence
Maçãs e romãs, Cezanne pintava maçãs semelhantes a romãs no seu olhar sobre o que via nesses campos a perder de vista .Cezanne pintava o que via, não o que degustava, penso eu que não conhecia Cezanne, mas como podemos pintar o que degustamos? Digo-te "Esta romã é muito doce" "O Outono tem uma luz especial" "O Benfica ganhou ao Porto" .A nódoa da romã deixou uma mancha vermelha na toalha de linho, semelhante à mancha vermelha no lençol...as associações que fazemos ...e as palavras onde se situam depois de ditas?Que querem elas contar? Certamente que tudo isto quer dizer alguma coisa para além do que se diz. E as maçãs/romãs do Cezanne ? Que via ele? Que vejo eu? Que vejo eu que ele não via?
posted by manhã at 2:02 da tarde
12 Comments:
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No que me diz respeito, garanto que vejo o que os meus olhos querem ver. Mas, felizmente para mim e quem sabe para outrém, os meus olhos nem sempre olham o mesmo objecto com o mesmo olhar; podem dar-lhe outra forma, outra côr e até porque não, fundi-lo noutro objecto. O meu olhar,esse, jamais verá o que Cezanne viu. Quanto muito, pretenderá interpretá-lo.
Com as palavras acontece o mesmo; querem contar tudo...ou nada.
Rectificação:
Com as minhas palavras acontece o mesmo. Querem contar tudo...ou quase nada; e por pouco que seja, quererão dizer alguma coisa...a quem me ler.
Por hoje chega; dar descanso ás tintas e pincéis e deixar a tela repousar que bem precisa. Bem massacrada tem sido....
Eu não sei o que tu vês, mas eu, ao ver esta imagem gostava de degustar as cores da paleta de Cezanne (no caso especifico deste quadro), o contorno a preto do fruto laranja/vermelho, ou o reflexo de luz no vidro, quase chantilly, os tons quentes da madeira da mesa…
Quanto à romãs… adoro romãs. E maçãs estaladiças. E vermelho. Adoro vermelho.
Conseguiria Cezanne pintar uma maçã estaladiça? É que não gosto das outras, moles…
Legível:O nosso olhar também muda, claro. Sobre o que Cezanne pintou, não podemos saber com certeza, são frutos senhor, são frutos.Prende-se a arte a essa mema liberdade de susciar diferentes interpretações.
Quanto às palavras têm uma pretensão mais objectiva, mas, por isso mesmo podemos sempre dizer, não era isso que eu queria dizer.
Salso:Também gosto de romãs, do paladar mas sobretudo da forma, com aqueles gomos pequeninos, e a cor vermelha.Olha, que achas dessas maçãs? Não me parecem muito estaladiças...
Não... de facto não parecem…
Parecem estar meio passadas. Mas também podem ser daquelas que ficam com esse aspecto por causa do sol e por dentro são rijinhas.
Quanto às romãs, o meu pai costumava trazê-las para casa quando ia à caça por esta altura, e nós ficávamos sossegadinhos à mesa a descasca-las e a retirar grão a grão para dento de um copo… Bons tempos.
:)
...as palavras situam-se onde nós as queremos situar...ou não?
Salso: O quadro é bom mas as maçãs (uma delas parece uma romã) não têm grande aspecto...em termos de paladar, é mais para a vista...
Pé:Nem sempre, nem sempre...
LOL
Depende, quem sabe se não padeço de sinestesia?
Não é por nada, mas sabem-me bem.
:)
BJ GR
As palavras ditas não são coisa nenhuma. As marcas que perduram gravam-se sem palavras. Acho eu. Ou sinto eu que é assim....Quantas pessoas conheces que se agarraram a palavras e deram por si com as mãos vazias? Beijo
Salso: Sinestesia...então é melhor não colocar um quadro de ortigas, não te vás tu picar!
Monalisa: Sim, isso também acontece.
LOOLLOL
Não seja mazinha manhãzinha...
:)
Nunca te aconteceu ires, por exemplo, dentro do carro, a chover, com os vidros fechados, e teres a sensação de te estarem a cair pingos de água nas mãos?
BJ SK
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