Cigarros
"Fumar mata" diz o maço de SG Filtro aqui, 'near me' ,em cima da secretária que está em cima da cerâmica que está em cima da placa que separa este primeiro andar do andar debaixo. Fumo um cigarro. Cof, cof, aí estamos nós a entrar na roda do fumo, na espiral do vício, na lenta ,inconsciente mas irrevogável caminhada para o fim. Cof,cof.
Bacall pede lume ao Bogart e diz, depois de acender o cigarro, que se encontra no andar debaixo e, se ele precisar de alguma coisinha, basta assobiar, ele não precisou de o fazer, naquele ínfimo espaço de dar lume, ela tinha olhado para ele, o fumo fez o resto.
Os cigarros, aprisionados no maço, continuam a olhar para mim...só os cigarros...já não é mau... a Bacall não está no andar debaixo, as letras do maço são razões de Estado, permitam-me evocar razões pessoais, nenhuma suficientemente clara e distinta, todas muito escorregadias, mas evoco a meu favor a mitologia recente: Dean, Bogart, Sartre, Mellville, Brel, Maurois ,Camus, Highsmith, Pessoa...bom ,não duvido que o cigarro pendurado na boca deles tenha sido cúmplice das mais perturbantes ideias, das formas mais arriscadas ,sem as quais, permitam-me, isto aqui era mesmo só o andar de cima...
7 Comments:
não duvido que o cigarro pendurado na boca deles tenha sido cúmplice das mais perturbantes ideias, das formas mais arriscadas ,sem as quais, permitam-me, isto aqui era mesmo só o andar de cima...
Pois... tb eu adoptei por companheiro de escritas o meu Portuguesito Azul, cheio de cantigas de escárneo e mal-dizer a desfeiar a embalagem azulinha, cor de céu. E como eu gosto de ficar a olhar as espirais de fumo a escalar a noite... De vez enquando, lanço-lhes uma rede e apanho um cardume de sonhos, ainda bebés, q preparo depois, em lume brando, para servir acompanhados de letrinhas salteadas!... :)
Beijinho
Procurar por um canto qualquer. Qualquer um serve, desde que impere o silêncio e a distância necessária das coisas físicas.
Um grito pela noite, de cigarro queimado.
Fazê-lo consumir-me numa dormência boa que se sente no peito, num grito manso, enquanto lhe absorvo o ar queimado da sua voz... deixar-me vaguear por entre as nuvens, ora mais densas ora mais finas, de fumo…
Um prazer maldito que me adormece os sentidos.
Cada vez me convenço mais que tenho de deixar de fumar, e quanto mais me convenço, menos tenho vontade...
BJ
SK
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Cris, uma cumplicidade de fumo, parece-me bem.
Salso,a tentação de deixar as coisas físicas também a tenho,mas simultaneamente não, os outros, os corpos continuam a ser apelativos, por si, pela energia, é preciso mastigar o medo, estar magoado é uma situação, ser magoado outra. Os cigarros ajudam a adormecer os sentidos e que prazer 'maldito ou bendito' porque esta de remar contra a maré continua a ter o seu fascínio!
Isto do fumar mata faz-me pensar que deve visitar o meu blog... é que tenho um post que acho que lhe vai agradar. E já agora parabéns pelo seu blog. Gostei e vou voltar.
Destaques, obrigada, nestes dias de grande 'stress' um cigarrito ajuda e há de facto uma beleza especial nesses escritores, músicos que franzem o sobrolho com o fumo que se desprende do cigarro pendurado na boca, sou apaixonada dessas imagens!
Blue c, já respondi, factores irremediáveis impedem-me, que tenhas sucesso na demanda e que tudo corra bem!
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