sexta-feira, agosto 18, 2006

Significados

Não creio que haja uma realidade, excepto aquela que cabe nos nomes: isto é um computador, aquela é a minha mãe. Nomeamos as coisas e esse nome refere coisas.Mais nada. Mas tudo o que é importante para obter um significado transcende esse uso trivial da linguagem. Quando digo: "às vezes o Sol cola-se ao céu da boca", é de uma imagem que se trata, nela vêm nomes mas o seu significado não pode ser apenas o denotado. Não, nunca tive o Sol colado ao céu da boca. Talvez seja o significado retirado de uma soma de convicções , convicções que pensamos serem as mais justificadas mas que não passam de umas quantas ilusões que nos guiam e nos descodificam as coisas. Volto-me para o exterior, as nuvens amontoadas em pequenos cachos a lezíria, o milheiral, um dia de Agosto. Que me diz isto senão que estou triste? Melhor: Que me diz a tristeza sobre as nuvens empoleirados no céu? Da realidade interior, da exterior, da mistura das duas haverá uma proposição, uma equação possível? Sei que do cruzamento das duas se faz a realidade, mas qual? A minha? E essa que é minha será mesmo minha? Não voltarei aí um dia para ver outras coisas? As convicções não mudam, ou custam a mudar para aqueles que são fixos, como eu, mudam os estados de espírito, mas o significado é também uma onda, como o estado de espírito, volátil.

3 Comments:

Blogger nuno said...

A ilusão é a maioridade da nossa ausência.

4:29 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger Alberto Oliveira said...

É minha convicção
que um dia destes
o horizonte não se confinará
ao que os nossos olhos alcançam
que as formigas e os paquidermes
também dançam.
o meu estado de espírito ao mudar
presenciará muitas coisas de espantar.

Espantadíssimo, regresso ao virtual.

4:37 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger manhã said...

nuno: pois que seja!

legível: Sejas bem regressado, já cá fazias falta!

12:32 da manhã <$BlogCommentDelete>

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