terça-feira, maio 01, 2007

venha a história!


Fotograma de "Double indemnity"
Então aqui vai a história. Qual história? A do filme, porque há outras mas prefiro não contar, são histórias sem princípio nem fim.A propósito: quantas histórias cabem na história? A mo pediu, e eu adoro contar histórias, por isso vamos lá...por onde começar...tudo se joga à volta de seis personagens: ele, vendedor de seguros, alto, bem parecido, solteiro, para quem os seguros e as pessoas não têm segredos, ou melhor para quem cada um tem um segredo a esconder, mas os segredos não resistem a uma conversa perspicaz, nessa manhã dirige-se a "Bolívia Boulevard", Los Angeles (estes nomes são-me incrivelmente familiares!) a uma mansão onde foi chamado para esclarecer um pormenor de seguro automóvel. A empregada, sul americana, diz que o patrão não está e tenta barrar-lhe o caminho, ele espera e já está no All da casa, é então que se ouve aquela voz feminina grave: ela. Do cimo de uma escadaria e acabada de sair do banho pergunta quem é, a sua voz e o resto operam o silencioso golpe. Os dados estão lançados! Desce, ele observa. Ela não sabe nada, queixa-se dos riscos que o marido corre no trabalho, falam de coisas técnicas, ele fica de voltar, mas entretanto como o filme é todo passado em flash back, contado por ele, nós já sabemos o que quer dela, não um seguro, certamente. Ela telefona mais tarde, encontram-se, fala num seguro de vida para o marido sem ele saber, mas a conversa cheira a esturro à distância, e ele bate-lhe com a porta na cara. Mais tarde tocam à campaínha do apartamento, ela não chega a dizer nada, já estão nos braços um do outro e o marido é um homem morto. O plano. O comboio, a perna de gesso, o assassinato do marido, e o pedido de dupla indeminização por morte pouco usual.
Finalmente sós? Não. Há um outro, o patrão dele. Desconfia. Não pode ser. Ninguém faz um seguro de vida dias antes de morrer. As estatísticas.Investiga. Pressiona. Aparece a filha do morto, pura, devassada pelo desgosto (ai a inocência, as armadilhas da inocência!), ambos vão deitar o plano por água abaixo, a raposa velha e a inocente. O primeiro pela lógica, faz perguntas, a segunda pela emoção convence-o, lança a serpente da dúvida, conta-lhe como a mãe morreu, da enfermeira que a tratava e depois veio a casar com o seu pai, Phylis, a mulher fatal, também lhe conta como o seu namorado tinha sido seduzido e encontrava-se clandestinamente com a madrasta.Afinal era apenas um joguete cego pelo desejo, a viúva negra perpetrara friamente todos os crimes .Em casa, crepúsculo, ela espera-o, esconde uma arma debaixo do sofá e senta-se. Ele entra calmo, olha-a em frente, na penumbra e desfia o rosário das acusações, esperava-os a câmara de gás, a ela e ao amante, ele iria falar , saltar fora. A pistola, um tiro. Ferido ainda a desafia para desferir o tiro fatal, ela abraça-o, diz que não é capaz, descobre o amor, ele sim dá-lhe dois tiros , sai cambaleante e desfalece à porta do trabalho. Pagos a dobrar ou duplamente perdidos!

14 Comments:

Blogger Bandida said...

:))))

brilhante a tua história da história cheia de histórias...

já sei a quem pedir para me contar uma história...

:)))

bom dia!

B.
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2:12 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger manhã said...

olá bandida! acho que é a única coisa que sei fazer razoavelmente bem, contar histórias!Pois quando quiseres, sim senhor, conto-te uma história.

2:23 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger Bandida said...

fico à espera...

2:27 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger manhã said...

que história queres?

2:38 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger Mónica said...

outra outra!!!!

ela não descobriu nada o amor! descobriu foi um gajo com dominio da area comportamental: "para quem os seguros e as pessoas não têm segredos, ou melhor para quem cada um tem um segredo a esconder, mas os segredos não resistem a uma conversa perspicaz"! minha cara a psicologia em acção :-))))

olha lá como é que ele conta a história em flashback se morreu?? lembranças na hora da morte?

3:49 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger Bandida said...

no perfil do bandida tens um email...

a que quiseres. tu é que és a contadora de histórias...

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3:53 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger manhã said...

Ó mo: é assim: o epílogo da história ele não conta, ele só conta até ao momento em que fala a um microfone, já ferido de morte, deixando a confissão de tudo o que se tinha passado até áquele momento, depois o patrão (Edward g.Robinson, entra na sala para o levar ao hospital, interrupção da história dele, a seguir, saem, ele recusa-se a ir para o hospital e morre enquanto o outro lhe acende um cigarro (malefícios do tabaco?) mas a pergunta é na mouche!

bandida: era para dizeres um tema para uma história e aí contava-a aqui mesmo, para todos!

4:37 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger Bandida said...

queria uma história tua para postar no bandida. se quiseres. terei muito gosto nisso. pelo que vi és uma excelente contadora de histórias. e eu gosto de histórias. com segredos. sem segredos.com medos. sem medos. com caminhos. com atalhos. com casas ou com asas.


B.
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5:45 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger Art&Tal said...

pois nao manha

eu até sou dos que acreditam que ELE foi uma das piores invençoes humanas.

mas... tu acreditas em fanaticos neo nazis que tambem sao islamitas e vao todos os dias a mesquita?

6:27 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger Mónica said...

(conta a história do teu vizinho)

10:00 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger Ana Paula Sena said...

Minha nossa! Que granda filme! Daqueles que eu gosto! E adorei a história, a tua apreciação sintética dos planos, da acção, do desfecho... Excelente contadora de histórias venho a descobrir, manhã! E adoro "le film noir"! :)
Beijinhos

9:09 da manhã <$BlogCommentDelete>
Blogger Alberto Oliveira said...

.... a Barbara Stanwyck, o Fred MacMurray (nunca gostei muito dele, cheio de tiques dos westerns) e o Edward G. Robinson, o da voz inconfundível. Tinha-os a todos... numa caderneta de cromos de meados dos anos sessenta.
E o filme é um pulsar de emoções, escrito pelo mago do conto negro americano e retratava L.A. daqueles tempos que até parecia que estávamos lá: Raymond Chandler. Com quem me cruzei na Colecção Vampiro.
Escreve mais histórias destas que são deveras saborosas.

11:55 da manhã <$BlogCommentDelete>
Blogger Peg solo said...

tb quero uma historia!!!! pode ser sem mortos?

2:55 da manhã <$BlogCommentDelete>
Blogger manhã said...

bandida: pois já coloquei outra história!esta mete muita água!

art & tal: rematamos com a célebre frase: Nada do que é humano me é estranho!

mo: o meu vizinho Pedro. a história do carro do meu vizinho, teria de inventar demais porque praticamente não sei nada dele!

ana paula: brigada,é soberbo,deixa-nos com vontade de voltar a escrever. também, policiais, intrigas.vamos ver se apanho outro, até já tenho uma iseia de qual será!

legível: esses tipos juntos só neste filme, daí(embora o Fred seja o elo mais fraco!) a sua preciosidade.

pegsolo:já contei outra história: o peixe pato, mas não teve tanto impacto, ou pathos ou já nem sei que diga. pois escolhe um tema que bamos por aí!

11:29 da manhã <$BlogCommentDelete>

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