sábado, abril 07, 2007

o nome

O Bom Nome de Mira Nair, EUA/Índia 2006

Era uma vez um rapaz chamado Gogol, ou Nick? Que importância tem um nome na América onde qualquer um, em qualquer altura pode alterar o seu? Se mudasse o meu nome de Helena para , deixa-me pensar no nome que gostaria de ter...Beatriz talvez, seria ainda a mesma pessoa? Não, não mudaria. O meu nome também sou eu. Mas se mudasse continuaria a ser eu, visto que o nome é a escolha dos nossos pais, não a nossa. Essa escolha marca-nos, melhor,liga-nos ao nosso inevitável, à memória, ao que ficou para trás. Quando era pequena chamavam-me Leja e hoje quando bato à porta da minha mãe ainda digo é a Leja e não gosto. Porquê? Porque já sou outra ou penso ser outra , não aquela que andava de bicicleta com os calções da mocidade portuguesa cheios de nódoas, ou porque há qualquer coisa em nós que rejeita essa mesma identidade de sangue, rejeitamos quando crescemos ,achamos que o nosso sangue correu em outras veias e já estancámos a antiga transfusão que nos alimentava. Queremos esquecer a parvoíce da criança, a sua dependência meio tonta de quem ainda não sabe quem é, estamos a afirmarmo-nos, a dizer: "Desculpa, já não sou a Leja, sou outra, aquela que me fiz "é uma tolice, talvez a nossa verdadeira identidade esteja aí na aceitação total desse amor tolo e não escolhido que nos liga aos que verdadeiramente são nossos.Este filme é sobre isso.


12 Comments:

Blogger colher de chá said...

maravilhoso mote. ;) obrigada pela sugestão.

11:51 da manhã <$BlogCommentDelete>
Blogger Lady Snowblood said...

Gosto imenso do trabalho dela. Fiquei rendida à festa de sons e cores emocionais num "Casamento debaixo de chuva".

12:06 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger Mónica said...

interessante reflexão ó ingrid :-) uma espécie "coincidência de pensamentos" mas não sei (n sei mesmo!) se concordo com a tua opinião

11:35 da manhã <$BlogCommentDelete>
Blogger manhã said...

colher de chá: Obrigada também!

lady snowblood: Olha aqui está um caso, a blogosfera, onde podemos ter o nome que quisermos, e mudar sempre que quisermos,liberdade total...ora este filme que citas é belíssimo, lembro-me das margaridas todas ensopadas!

mo:coincidência de pensamentos porquê? olha que eu também não sei bem se concordo com a minha opinião, tem dias!

12:50 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger Mónica said...

coincidencia pq já pensei neste assunto, tou com vontade de te dar "continuidade" :-) brain storming

5:10 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger Ana Paula Sena said...

O filme parece interessante. Gostei da sugestão. :)
A.P.

3:03 da manhã <$BlogCommentDelete>
Blogger manhã said...

mo: Já vi, sim, senhor!tempestade? que venha! tropical de preferência!porque vamos dando as voltas aos nomes, e acabamos por ter o nosso, aqui na blogosfera podemos inventar um pouco!

ana paula:Vai ver, acho que vais gostar!

10:51 da manhã <$BlogCommentDelete>
Blogger kermit said...

É habitual, quando vemos um filme do qual já lemos o livro, dizermos que o último é melhor. Normalmente, a ideia surge-nos porque no livro absorvemos a história pela nossa própria versão, e não pela de um realizador, por mais meritória que esta seja. Só que muitas vezes o realizador, ou a pessoa que adapta a narrativa ao ecrã, conhece de perto não só a obra, como muitas vezes o próprio escritor e todas as suas vivências e sentimentos. Deve ser o caso de Mira Nair e Jhumpa Lahiri. A primeira pegou num texto notável escrito pela segunda, naquilo que a simplicidade tem de notável, e acresceu outros condimentos que fazem de "O Bom Nome" um filme que não devo esquecer tão cedo.

Ashoke e Ashima, casam de acordo com os conceitos indianos do matrimónio. Antes disso nem se conhecem. Mas não importa para o caso. Porque assim que largados em Nova York, rapidamente são um para o outro. E amam desde logo os seus filhos que nascem desenraizados a tudo o que é importante para eles. É então que se desenvolve toda a história centrada no filho mais velho. Sai de casa rejeitando o próprio nome e tudo o mais que os pais lhe deram. Volta mais tarde percebendo que já não pode viver sem isso.

Se facilmente a sociedade molda o nosso comportamento individual e formarmos a nossa personalidade à sua conveniência, mais para a frente na nossa vida, voltamos sempre ao lugar onde nos sentimos confortáveis – nós próprios. Seja em Nova York ou Calcutá.

E por muito boa capacidade que tenhamos em imaginar as personagens de acordo com a nossa versão, dificilmente nos ocorreria um Ashoke de olhar tão doce, ou uma Ashima tão perfeita.

10:21 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger manhã said...

kermit: engraçada a tua leitura do filme! Essa de voltarmos ao lugar onde nos sentimos confortáveis é bem verdade!

10:33 da manhã <$BlogCommentDelete>
Blogger Mónica said...

tem piada que a última cronica do pedro mexia no jornal (não sei, li no café...) diz que não se deve voltar ao lugar geografico da infância para n estragar as memórias, para n perdermos a tal ideia de "conforto" :-))

11:31 da manhã <$BlogCommentDelete>
Blogger Ana Saraiva said...

"what's in a name?"...
nada, até ao momento em que alguém se esquece ou o troca...

12:33 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger kermit said...

Em relação ao lugar onde nos sentimos confortáveis - Nós próprios, há um activista pela Paz, chamado Prem Rawat, também conhecido pelo cognome de Marahaji, que fala muito disso. Há até uma associação "Elan Vital" que se dedica exactamente a propagar a sua mensagem. Pesquisem alguma coisa disso na NET e digam-me o que acharam no Blog - Abraço

12:58 da tarde <$BlogCommentDelete>

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