quarta-feira, agosto 20, 2008

as ovelhas e o pastor

fotografei estas ovelhas enquanto fugia do pastor que queria companhia, moço novo com pele curtida e ar tresloucado. deve ser verdade o que contam da intimidade entre pastores e ovelhas, no meio de nenhures, dias e noites na companhia destes bichinhos mansos, não será de espantar que se mudem a justeza dos olhares e dos apetites, a natureza envolve em traço grosso homens e animais, em situações limite confundem-se. há uns anos fui ver uma peça à Comuna sobre o amor de um homem por uma cabra. amor exclusivo que o fazia abandonar o status da família para estar perto daquela que com seus olhos meigos o deixava à beira das lágrimas, com ela, explicava o protagonista à mulher, perto dela, era feliz. toda a gente se sentia incomodada menos aquele que dizia amar, só esse não via a bestialidade do seu amor...o amor é cego? a importância não estava no objecto amado mas no gesto de amar, na convulsão e estranheza que o amor provoca na ordem geral do mundo, o nosso pastor não teria tido oportunidade de ir à Comuna, do alto dos montes eram as ovelhas a sua companhia e o resto não seria história para contar.

5 Comments:

Blogger Clara said...

Cresci numa terreola enfiada no meio da cidade de Lisboa. Para ir à escola de manhã, tinha sempre de esperar que o pastor conduzisse as suas ovelhas até aos matagais daquela zona.
Eu raramente me atrevia a ultrapassá-las. Tinha receio ou nojo, nem sei. O cheiro horroroso daquelas ovelhas nunca esqueci. Não gosto de ovelhas. Mas gostei do teu texto.
Bjks

4:17 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger Unknown said...

Como entendi o que escreveste do pastor e das ovelhas...
.
Quando éramos crianças, havia 2 livros proibidos pela mina mãe.
"A lã e a neve" e a "Selva"... de Ferreira de Castro.
.
Claro que os li, às escondidas...
.
[Beijo...]

12:11 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger ~pi said...

sabes eu pertebo tão dentro o que dizes

[ o teu texto é comovente e muito real e q b difícil,,,

e embora saiba que não é disso que falas,

aqui - dando um salto para o meu universo,

e olhando do ponto de vista da cabra - pois que sente uma cabra... como sente, se tanto e tão sempre sente o que diz nos olhos...!?

que pode acontecer que a cabra se torne pessoa inteira com um golpe de magia e -

- um pouco assim como na história de ariel,
a pequena sereia,,,

porque se amor é, não há de poder ser senão nu no outro e os corpos aprendem no seu tempo, a ajustar-se às almas :)

5:08 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger Bandida said...

claro que o amor é cego!!! :))


gostei imenso do teu texto!

10:24 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger manhã said...

clara: eu cá nã tenho nenhuma experiência com este bichos, não sei porquê mas nã tenho mas gosto deles, da mansidão.bjos

um ar de: não li, e gosto do Ferreira de Castro,também t~em histórias eróticas com ovelhas? se tiverem acho que vou a correr lê-los...tou brincando...tou? bjo

~pi: não sei bem do que estou a falar quando falo,há a superfície e há o subterrâneo, e tu apanhaste mais o subterrâneo, moça esperta!

bandida: coitadito do amor! brigada.

1:28 da manhã <$BlogCommentDelete>

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