terça-feira, agosto 29, 2006

Ingrina, Agosto
Passeio por esta terra avermelhada a caminho do mar, gastando os olhos na luz dos poentes que são tácteis, quero serenar mas não consigo, nunca conseguirei, por mais poentes e mares e terras que percorra. Sou da mesma natureza da lava, por agora incadescente mas logo pedra e cinza. Percorro sem deter as várias camadas sedimentadas que já foram lava, matéria incadescente. O problema de já termos vivido muito é a evidência sempre presente do tempo, da transitoriedade das coisas, como se cada parcela carregasse a marca do que foi e do que irá ser. Mas saber isto nada adianta à minha ânsia, à dor, à estranheza do sofrimento continuado. Acreditar é uma questão de fé ao princípio, do ardor que corre dentro de nós atraído pela súbita magia das palavras, da fé e do corpo do outro, corremos a abrigar-nos como o lobo ao calor da alcateia. Ficamos. Ali. Sempre.Mas corre dentro de nós um desejo imenso que volteia no infinito e é cada um tão finito, tão maravilhosamente, desgraçadamente finito.

3 Comments:

Blogger manhã said...

carecones: É, sem dúvida, um sonho louco mas estamos acordados, não muito acordados, q.b.

11:55 da manhã <$BlogCommentDelete>
Blogger  said...

Não acredito que andaste pela praia da ingrina!!!
E eu ali ao lado...

12:52 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger manhã said...

Olá pé! Sim, claro tu e o zavial são inseparáveis. Bonito!

6:48 da tarde <$BlogCommentDelete>

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