quarta-feira, maio 09, 2007

é assim

as histórias que nos contavam tinham quase sempre um happy end. uma justiça. O amor era o prémio, a recompensa merecida. Descubro tardiamente que estas histórias são uma farsa e que é preciso muito contorcionismo mental para ajustar o real com o que sonhámos, ou mesmo com o que achamos que deve ser. Acaso, circunstância e contradição. Um sobressalto. Nenhuma justiça. Inventaremos uma. Qualquer uma, para sossegar.E se nenhuma servir? Se todas soarem a falso?
vou tentar estalar os dedos, talvez acorde, ou melhor talvez adormeça de novo.

12 Comments:

Blogger Art&Tal said...

gostei

.

lucido

6:34 da manhã <$BlogCommentDelete>
Blogger Bandida said...

precisamos adormecer para sonhar de novo. com sentido. sem sentido. num sobressalto consentido. com ou sem justiça que é só uma palavra que pouco quer dizer quando os olhos não sentem. voar é bom. e abrir as asas...

beijo

B.
__________________

1:14 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger Alberto Oliveira said...

... era por isso que a minha avó me contava histórias que acabavam sempre mal. Quem sabe talvez, para depois do repetitivo "... e casaram e tiveram muitos filhos." não ter de responder à minha mais que certa pergunta " E como é que eles faziam isso? Os filhos?". Que a minha curiosidade aos três anos era incontornável...
Uma bela noite, contou-me a história de um lenhador e de uma mondadeira que acabou da pior maneira... para não variar. O lenhador foi para frade e a mondadeira para um conbento (era mesmo a pronúncia certa que eles eram do norte). Desesperado, perguntei à minha avó "Mas ó avó! quando é que me contas uma história em que no fim eles se casam e têm muitos filhos?". E ela respondeu "No dia de são nunca à tarde! Era o que faltava pôr mais crianças no mundo para as desagraçadas das avós satisfazerem a curiosidade sexual dos tarados dos netos!" A minha avó era tramada...

8:18 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger Ana Saraiva said...

Muito bom, este teu texto! Inspirador!

11:18 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger manhã said...

art&tal: tristemente lúcido!

bandida: é isso, adormecer e sonhar mas parece-me pouco.Bjo

legível: eheheh, razão tinha a tua avó, todinha!bom, sorte que tu tiveste com os teus ancestrais!

e-clair:Pois que seja! já não é mau!

10:19 da manhã <$BlogCommentDelete>
Blogger Ana Paula Sena said...

Uma boa reflexão, a tua. Acho que entendo. É certo, tudo muito decepcionante... Ou há algo que escapa dessa alucinação permanente do "sem sentido"? É como dizes, resta-nos reinventar o final das histórias, enfim...Talvez ir contando outras histórias...que acabam mal!
Eu sei que não é a mesma coisa... Mas talvez possam, ainda assim,não perderem o interesse e a piada... :)
Beijinho

11:12 da manhã <$BlogCommentDelete>
Blogger sobre-nada said...

Ultimamente até os filmes têm mau final, dizem os entendidos que assim é que é arte pá! Ok, depende,mas partilho da minha opinião dos cinéfilos, mas faz falta um bom final feliz, principalmente quando se anda pró desmotivado. Mas a nossa magia é o poder começar de novo, e de novo, ainda que não nos agrade onde a história vai terminar...
bj

4:05 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger manhã said...

ana paula:será que hoje ainda se podem contar histórias de happy end? sim, continuam-se a contar e fazem sentido, claro. Gosto de finais felizes. Apesar de tudo não nos podemos livrar de um certo cepticismo. Ok. Já ninguém, nem os putos acreditam nisso. Não que o mundo seja pior, só que a consci~encia dele mudou.

sobre o nada: o melhor mesmo é começar tudo de novo e fazer figas!

6:11 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger Mónica said...

ui descoberta já tão achada!

2:11 da manhã <$BlogCommentDelete>
Blogger Mónica said...

o que é o happy end?
tá sempre a mudar

2:11 da manhã <$BlogCommentDelete>
Blogger MM said...

"...Eu tinha acabado de ser apresentado a ela quando cometi a impertinência feliz de perguntar como havia feito para implantar-se de tal modo naquele mundo tão distante e diferente de seus penhascos de ventos do Quindío, e ela me respondeu de chofre:

— Eu me alugo para sonhar.

Na realidade, era seu único ofício. Havia sido a terceira dos onze filhos de um próspero comerciante da antiga Caldas, e desde que aprendeu a falar instalou na casa o bom costume de contar os sonhos em jejum, que é a hora em que se conservam mais puras suas virtudes premonitórias. Aos sete anos sonhou que um de seus irmãos era arrastado por uma correnteza. A mãe, por pura superstição religiosa, proibiu o menino de fazer aquilo que ele mais gostava, tomar banho no riacho. Mas Frau Frida já tinha um sistema próprio de vaticínios.

— O que esse sonho significa — disse — não é que ele vai se afogar, mas que não deve comer doces..."

Gabriel Garcia Marques in "Me alugo para sonhar"

6:34 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger  said...

Olá Manhã!

9:25 da tarde <$BlogCommentDelete>

Enviar um comentário

<< Home