Devaneio
Apetecia-me um Bacardi com gelo, apetecia-me dar uns passos, afastar as cortinas e pestanejar com as luzes de néon dos prédios em frente a anunciar uma nova marca de refrigerantes . Apetecia-me não saber onde estou, talvez uma cidade desconhecida com um ruído de carros de fundo , num quarto qualquer de um hotel em tons quentes , com pequenos candeeiros soprando uma luz ténue sobre uma cama larga de coberta creme e almofadas altas. Apetecia-me sentir o apelo da noite como não sinto há algum tempo, como já senti, aquele formigueiro sobre o coração, a sequência de imagens fugídias, músicas, olhares, pernas, corpos cadenciados , sorrisos, lábios, mãos que encontram, tocam e fogem.Apetecia deambular com rumo fixo, à bolina entre vozes conhecidas e desconhecidas, tomar um banho de frenesim e aportar ao quarto de hotel, deixar-me cair sobre a cama...tomar o último Bacardi com gelo e ver os primeiros raios de sol a brincar nos sapatos deixados ao acaso sobre a alcatifa.
12 Comments:
Adorei este post.
REvejo-me neste post...na forma como olho para a noite, as mãos a encontrarem-se, os olhares...enfim.
Acordar azambuada depois de (não muitos bacardis) mas talvez caipirinhas ou vodkas limão...
Que desgraça a minha! Assim que ligo a tv, pimba!: publicidade pra cima. A rádio, idem, idem.
Não sou Nero mas pergunto-te na mesma: «Até tu, Manhã?!»
Um post cheio de ritmo...e gostos nocturnos.
Mesmo quando estamos onde não sabemos, a "nossa cidade" vai sempre atrás de nós..
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também me apetecia o lado desconhecido da cidade
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não saber onde estou
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num quarto qualquer de um hotel em tons quentes
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Bom... tudo perfeito!
Mas eu troco o bacardi por uma dose de cachaça mineira!
Te mando, um dia, quem sabe!
Abraço.
Sabe bem de facto um programa desses, mas com o frio que para aqui vai apetece mais a lareira, um whisky com gelo, o último disco dos Sicur Ros e claro, a companhia, a tal....
Cidades desconhecidas, o apetite voraz da noite, a adrenalina, a sedução, a ilusão...
Os quartos de hotel... não sei porquê, mas não houve ainda um quarto de hotel que sentisse quente, confortável, onde me sentisse bem... mesmo aqueles que reconheço que tinham tudo para o serem, mesmo aqueles mais românticos ou luxuosos, os mais "familiares", ou mesmo os mais simples e solarengos...
TB tenho saudades da noite, das noites em que apetecia viver e sentir.
BJ SK
Pé: Bom dia. Está bem, a caipirinha, mais doce.
Legível:Somos mesmo uns copiadores, "Não posso ficar impune"...?
i&c: Nem sempre...vai atrás de nós, só se quisermos.
Corpo visível: "Lá vai uma lá vão duas, trê pombinhas a voar..." assim somos dois e não pára aqui.Obrigada pela visita.
pablo: Sim, pode ser.
monalisa:a companhia tal fica para depois, o whisKy e a lareira, o primeiro dá-me vómitos, a segunda não.A música, completamente...
Salso: Os quartos de hotel são mais imaginados. As noites não, essas são puras e duras.
As noites, não. Essas são puras e duras. Adorei. Vais saber porquê...
macaso: Ouve, como gosto da expressão!
este post lembrou-me o Lost in Translation... um quarto de hotel num país diferente e obvias luzes de neon.. anunciar um refrigerante seria o tal whiskey..
Pegada: Sim, mas não Tóquio, não essa cidade onde nada percebes da língua, poderia ser Nova Iorque...não também não demasiado arriscada e impessoal, imagino uma cidade mistura de várias cidades de que gosto mas nenhuma em especial.
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