sexta-feira, fevereiro 10, 2006

Acabei de ver o filme. Impressionou-me pela veracidade, o sofrimento que a homossexualidade causa naqueles que a vivem, a descoberto ou de forma escondida. Impressionou-me a tristeza envolvente, uma espécie de gás tóxico que envenena a vida, apesar da pureza e da beleza sem mácula da paisagem. O pesar que senti foi o de me deixar contagiar por este amor que ninguém parece entender ou aceitar. A América que exorcisa assim os seus fantasmas de intolerância e pequenez não me convence. Atrás de mim comiam-se pipocas e davam-se gargalhadas quando o desejo destes dois cowboys se traduzia em gestos envergonhados e desajeitados. Há tanto, tanto caminho para percorrer, tantas vidas condenadas à vergonha e ao sofrimento, tantas vidas boas,que a ignorância e a sordidez não podem continuar por muito mais tempo sem ter o seu nome escarrapachado na fronte dos que a continuam a ostentar como se de pipocas se tratasse.

17 Comments:

Blogger isabel said...

Ainda não vi o filme, mas, quero ver.
Já ouvi dizer muito bem dele e agora com o teu texto fiquei ainda mais curiosa.
É uma vergonha nos dias de hoje ainda haver tanto preconceito, tanto julgamento. Acho que as pessoas deveriam julgar menos e fazer mais, todos queremos ser felizes e todos temos a nossa maneira de o ser... não entendo as pessoas, principalmente as pessoas novas.
Bom fim de semana

Bj

9:35 da manhã <$BlogCommentDelete>
Blogger  said...

Este post está muito bonito manhã.

É realmente uma párabola, as pessoas a comer pipocas, a rirem...
Às vezes penso que as pessoas que se riem têm medo, medo que lhes aconteça o mesmo, que o "demo" os atinja, são cegos.

Ainda não vi o filme, mas estou muito interessada. Temos que abrir as cabeças, temos que contribuir, principalmente para que as nossas sociedades deixem de ter medo do diferente. Muitas vezes acho que o preconceito tem a ver com medo, e não só claro, mas será isso?

1:36 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger Alberto Oliveira said...

Depois de ver o Match Point é o filme que tenho em agenda; eventualmente para segunda ou terça feira da próxima semana.

Uma América que já "exorcizou" o Vietname no cinema e é o que se tem visto... no real.

Há efectivamente muito caminho a percorrer...
Depois digo qualquer coisa sobre o filme, neste canto.

Tem um bom fim de semana,

5:24 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger Alberto Oliveira said...

O blog colectivo é mesmo verdade!!

(Tou desgraçado: já ninguém acredita em mim...)

6:04 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger  said...

Legivel que achaste do Match Point? (já agora!)

6:52 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger Peg solo said...

Bom post!
Concordo plenamente com tudo o q dizes, ainda não vi o filme mas estou expectante.
bj

7:31 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger Alberto Oliveira said...

Para Pé:

(Desculpa Manhã, mas foi ela que me desinquietou... )

Bom (não sei como é que ainda me pedem opiniões nesta altura do campeonato... ) vamos fazer "isto" por itens...

1 - Se ainda não foste ver, se vês habitualmente os filmes do W.A e se ainda não viste este, deves ir ver;
2 - Se já viste o filme, depreendo que apenas pretendes uma opinião pessoal sobre o mesmo (que não te daria por motivos óbvios se ainda não otivesses visto);
3 - Atendendo a que estou mais inclinado (o vento aqui nesta banda sopra com alguma força... )que já tenhas visto o filme, embora não o confesses... e isso é muito intrigante...
4 - Nesta altura, estarias à espera da inevitável surpresa?! com a marca legível que seria uma frase minha, pouco mais ou menos assim «Mas quem é que te disse que eu já vi o filme?!». Pois. Mas já vi.
5 - Gostei muito do filme. Porque W.A. surpreendeu-me ao "contar" uma história que não tem a sua marca habitual, que admiro, pela ironia inteligente e que não me cansa. Porque filmou pela primeira vez numa cidade que não é N.Y. (é verdade que os seus últimos trabalhos já não são tão urbanos, mas "sente-se" que as suas personagens "estão lá", "são de lá" (de N.Y.). Nesta obra há muitos exteriores de Londres (e como eu gosto do raio desta cidade!)e W.A. parece que nunca fez outra coisa, senão filmar em Londres. Conseguiu ainda, com muito brilho, "contar" uma história com actores a representarem os tiques (e outras coisas menos dignas) de alguns dos súbditos de Isabel.
E naturalmente que realizou um belo "filme-negro" nos domínios de Blair... sem uma única ironia. Até o título é um achado na história que nos conta...
Ah! e "ofereceu-me" (acho que foi só a mim... ) uma visão, embora rápida, daquela "coisa-armazém" que é a Tate Modern; o gajo sabe do que eu gosto...

Gostava de pôr mais "na carta" mas a mesma já vai longa....

12:18 da manhã <$BlogCommentDelete>
Blogger  said...

Caríssimo Legivel:

(desculpa também Manhã utilizar o teu espaço para este diálogo com o nosso caro amigo)

1. Já vi o filme, como podes ler neste post, e sou fã de W.A., apesar dos últimos filmes me terem deixado com um sabor amargo. Ainda assim, não vi Melinda&Melinda. (A Maldição do Escorpião de Jade é um filme escuro e obscuro!)

2. Depreendes bem.

3. Não foi propositado não confessar, pensei que tivesses visto o tal post!

4. Gostei do filme pelas mesmas razões que tu, e ainda mais. O filme é mesmo muito intenso, e não me vou alongar, estamos a falar em casa da manhã que ainda pode não ter visto o filme:)
Realmente a Tate Modern é qualquer coisa, vi lá a exposição Picasso-Matisse, esperei 3 horas mas valeu a pena.

Ponto extra e final: a tua opinião conta sempre, acredita!

7:56 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger manhã said...

clotilde: É verdade, parece que a juventude é um bocado autista, tanta informação,e tão pouca inteligência para a digerir! nem todos mas fico um pouco apreensiva quanto ao futuro!

pé:Parábola, exacto, a história repete-se, o filme começa em 63 e em 2006 tudo parece estar na mesma!Puxa 43 anos é muito tempo!!

legível: Ainda não fui ao blog colectivo mas não perdes pela demora! Às vezes não sei se estás a brincar ou não mas agora acho que falas a sério.

Sobre Match Point apesar de todos os que me rodeiam acharem fantástico eu estou farta da onda psicologista do W. Allen. Tudo tem que ser dito e repisado, isso cansa-me! O actor é fraco, o filme, perdoem-me um bocado chato!

Legível e pé: É pá ponham-se à vontade, façam de conta que estão em vossa casa! Bou já ali buscar um cházinho e uns bolinhos e continuamos a discussão!

5:40 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger manhã said...

pegada: Com tanta conversa ias passando despercebida.Fico contente por concordares, tu e a pé acabam por me darem mais confiança no futuro!

5:42 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger  said...

E muitas outras pessoas manhã, acredita. O mundo não está perdido!

O chá estava óptimo:)
Muito obrigada pela hospitalidade!

7:00 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger Mónica said...

pois conversas intimas...

7:52 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger  said...

Já vi o filme.

Muito bem interpretado...e não consigo dizer-te muito mais.

Gostei muito.

10:06 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger manhã said...

pé: Ainda bem, também gostei muito.

11:10 da manhã <$BlogCommentDelete>
Blogger Alberto Oliveira said...

Vi ontem (quarta-feira) o filme.
Podia perfeitamente escrever assim: «Que belo filme!» e arrumava a questão. Pouco mais que isso acrescentarei, mas tenho de dizer que esta história é estranha. Estranha em dois sentidos; de tão banal parece ser esta paixão para que o realizador nos empurra que quase nos esquecemos que nesta história se trata da diferença e da sua discriminação. Que este filme, nos conta uma paixão desfasada no tempo; que ainda não tem tempo; infelizmente.
Acabei por colocar aqui, mais palavras do que desejava; mas o cinema (a arte) que nos perturba, leva-nos a isso mesmo.

2:27 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger Alberto Oliveira said...

... ah! e Ang Lee recuperou magistralmente os cenários imensos-a-perder-de-vista dos westerns da minha infância.

(tantas estórias dentro de uma história...)

5:05 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger manhã said...

legivel: Eu sabia que ias gostar!

10:56 da tarde <$BlogCommentDelete>

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