domingo, janeiro 07, 2007

A angústia da decisão

Oh poderosa arte da decisão! Como se aprende? Como se usa? Como se toma para nós ? Como se faz nossa e intransmissível? Como? Que aflição decidir algo. Vou? Não vou? Fico? Não fico? Faço? Não faço? Que raio de mecanismo simples ou sofisticado terá de ter alguém que sabe, gosta e decide? Que virtude? Que força anímica? Que espécie de dom?
À partida digo sempre sim. O Sim abre portas ,não é tão radical, deixa espaço para a reflexão, mas à medida que se vai aproximando o acontecimento assobio para o ar, dá-me uma fraqueza de pernas e braços, um amolecimento intelectivo, um pavor , um quebranto. Vêm as dúvidas...e depois se não gosto? e para quê? e será mesmo isto que eu quero? e não estou a perder tempo? e não é melhor fazer aquilo que gosto do que arriscar fazer algo que nem sei se sei? e o tempo passa e não decido nada, o tempo decide , penso, e o tempo lá vai decidindo em geral com muita dor e nem sempre a meu favor. Claro que se arranjam justificações...não tinha que ser...não é preciso golpes de rins, tudo tem de fluir...não estava na hora...convence-se os outros mas a nós próprios...só nos primeiros minutos.
Pensemos então no melhor: é melhor decidir ou deixar andar? Aqui não há dúvidas, bem ou mal há que fazer o caminho ,temos de escolher. Escolher é sinónimo de ser livre , as nossas decisões fazem-nos e bla bla bla todos os manuais de moral dizem o mesmo, o Aristóteles, o Espinosa (este é mais ambíguo) Kant, Mill, bla bla bla, o indivíduo, o seu valor, o carácter... mas penso...que interessa isto ao mundo? nadica...as coisas que não fiz alteram o mundo exterior tanto como as que fiz...talvez seja este relativismo moral, surdo e persistente que não me deixa decidir...maybe...maybe...

8 Comments:

Blogger Alberto Oliveira said...

... houve uma altura da minha vida que realmente era à base do sim. Claro que depois lá vinham as desculpas. Passados uns anos, já com alguma maturidade(ou jogo de cintura?!)tornei-me mais cuidadoso e comecei a jogar no talvez o que dava margem de manobra para o lado mais conveniente. Hoje, seria o sim ou o não absolutamente convictos... quando já não necessito de resolver nada de transcendente.
Se alguém ao ler esta cena, imaginar que finalmente me estou a confessar, tire o cavalinho da chuva. Que ficções é comigo e não assinei nenhum documento.

Um resto de óptimo domingo,

Legível Totalmente Ilegível.

3:58 da tarde <$BlogCommentDelete>
Anonymous Anónimo said...

Um dia, a decisão apresenta-se e toma conta da casa...

6:41 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger SMA said...

As decisões que não tomas... elas proprias tomam por ti...
Sendo que não tomar uma decisão já por si uma decisão...

Eu ao contrario do Legivel, o meu processo foi primeiro "Não" a tudo... acho que agora estou-me abrir ao "Talvez", dominando o "Sim".

Bjs

10:14 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger manhã said...

legível: bom dia (chuvoso).a maturidade devia trazer-nos essa confiança, seria o mais natural, que o nosso aparelho binário funcionasse sem problemas ,mas verifico uma coisa interessante, com a maturidade agrava-se tudo, defeitos e virtudes. Mas as confissões também são ficções. são ficções com intenção de autor.Bjos

e-clair: pois que até já aconteceu!

presença: de qualquer modo há uma piquena diferença entre deixar o tempo passar e não chegar a acordo sobre nada e decidir. o eu fortifica-se nas decisões e respectivas acções em conformidade, mas a mim, o eu não me atrai muito, logo...(mais uma justificação)

e agora com o sim e o talvez, melhor...não?

10:31 da manhã <$BlogCommentDelete>
Anonymous Anónimo said...

o título é perfeito! a decisão dá-nos uma angústia enorme que nunca ajuda lá muito...
de qq forma, é um privilégio, há que reconhecê-lo. Nem toda a gente pode ter a sorte de decidir sobre a sua própria vida.
ficamos portanto com uma angústia benévola. :)
ai ai ai já estou a filosofar, qurem ver? ...
Feliz ano novo, manhã!! isso sim!

12:39 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger SMA said...

Melhor??? Já não sei o que é melhor...
Mas digamos que se faz e nos faz sentir mais... O "não" é uma barreira, ajudava-me a defender... mas não sentia... com o "sim" sofro mas sinto. O que escolher?

Como acho que estamos num processo de humanização, acho que o sofrimento por um "sim", é um ingrediente importante, nesse mesmo processo, mesmo que não queiramos!!!

Bjs

2:59 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger NiceAngel said...

...nada nos é certo, a vida encarrega-se de nos mostrar isso (feliz ou infelizmente)... pq dizer sim ou não?... apenas em coisas certas que não há forma de se tornarem ambiguas!
De qlq forma torna-se complicado ganhar consciencia de que embora sim ou nao, e ter a certeza de que foi a melhor decisão ficarmos sempre com a duvida a pairar sobre nós... será que tomei a atitude/caminho/resolusão correcta?
Enfim... não há nada com uma boa justificação depois do "sim" ou "não"!
Sim, porque...
Não, porque...

:)

Beijos!

8:28 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger manhã said...

olá colher de chá! Bom dia! Tens razão, sim, é um privilégio a que nem todos têm acesso real (embora hipoteticamente e idealmente todos possamos decidir)... filosofar pela manhã. heim...nada mau...bom ano para ti também!

presença: portanto sopesadas as coisas vence o sim! Pois sim!Menos defensivo .

niceangel: as justificações são fáceis mas nem sempre satisfazem, muitas vezes são só sinónimo de covardia , é pá não porque ...seja como for o que conta são as consequências da decisão e não a sua justificação, penso eu de que...

10:27 da manhã <$BlogCommentDelete>

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