sábado, janeiro 13, 2007

Não sei quando cairá o crepúsculo, aquele que buscará entranhar-se na menina dos olhos para nos cegar parcialmente .Se uma metáfora pudesse servir-nos para agarrar e trazer à boca a vigilância permanente sobre esse sentimento obscuro, esse roçagar constante de um quase nada , esse suave odor de morte , então diria "pressentir que vai cair o crepúsculo é estar no meio dele, entre, dentro, a olhar" e que a palavra coitada fica a falar já no escuro. Recomeçemos: dizer " Não sei quando cairá o crepúsculo" é fazer poesia com a tristeza. E que queremos nós com a poesia senão que a espante ou a contorne deliciada erguendo-a até à condição de inspiração? Visão de um só a tristeza inicia-nos na divisão da palavra, na sua função demencial de prender e fugir, de a procurar para a deixar.

9 Comments:

Blogger Alberto Oliveira said...

"não sei quando cairá o crepúsculo" repito contigo.
"não sei quando cairá o crepúsculo" agora é apenas a minha voz.
"não sei quando cairá o crepúsculo" interiorizo sem mover os lábios.
"não sei quando cairá o ... " e já o sono me leva a mente para o outro lado da vida.

amanhã de manhã regressarei?

10:28 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger SMA said...

É verdade...
não existe poesia contente...
Mas não somos nós que fazemos a poesia?
Que o cair do crepúsculo, não te faça esquecer da luz...

Bjs carinhosos.

10:49 da tarde <$BlogCommentDelete>
Anonymous Anónimo said...

«Visão de um só a tristeza inicia-nos na divisão da palavra, na sua função demencial de prender e fugir, de a procurar para a deixar», mas afinal a vida não será (feliz ou infelizmente) também assim?
Há momentos maus, mas há momentos muito bons, não?
Bem-haja

12:44 da manhã <$BlogCommentDelete>
Anonymous Anónimo said...

passei por aqui já no final da noite, fiquei presa ao texto, às tuas palavras. levá-las-ei comigo para o início da semana, vou ficar a pensar nelas. :)

1:16 da manhã <$BlogCommentDelete>
Blogger manhã said...

legível: espero que sim, que depois do sono cumprido voltes para desfazer e refazer os crepúsculos e anunciar outras manhãs.

presença: pois somos, nós, quando contentes parece que não nos dá para a poesia! Nada me fará esquecer a luz, mesmo no escuro...

Ó Sara Bem haja também!

Colher de chá: está bem e depois não te esqueças de me dizer qualquer coisa ...

10:27 da manhã <$BlogCommentDelete>
Blogger mixtu said...

texto impressionante e com toda a razão não lhe deste título...

beijinhos

5:27 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger maria said...

uhm... abordar a tristeza e escalpelizá-la... prender e fugir, procurar e deixar. Se calhar é mesmo isso que bloqueia o caminho despreocupado (à superfície de tanta gente que conheço) e obriga a encarar de frente o escuro, a queda do crepúsculo de quem se tem sido para, finalmente, chegar a quem se quer ser...

ah... pois... a ideia não tem nada a ver com isto, não é? mas, bem, que importa, o que vale é mesmo esta leitura sempre outra que cada texto inspirado permite!

Olá, manhã! para quem, como eu, às quase 6 do novo dia, ainda nem dormiu... ena! belo mote para levar a deitar!! :)

5:53 da manhã <$BlogCommentDelete>
Anonymous Anónimo said...

Muito bela esta sua entrada/texto.
Gosto de vir aqui.

4:38 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger manhã said...

Olá Maria! Já vem atrasado o comentário mas vale mais tarde...
As leituras, todas, são possíveis, muitas são desejáveis, são uma espécie de transfusão de sangue para os textos. "Chegar a ser" e "deixar de ser" no meio estamos nós, o que somos, não?
se o crepúsculo vence a insónia, quando as tiveres apita que se escreve por aí uns quantos crepúsculos mais inspirados visto que são por boa causa!!

Amélia Pais: Ainda bem, fico contente.

7:37 da tarde <$BlogCommentDelete>

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