requiem para um bar
já me haviam dito que tinha acabado, fechado portas, no mais íntimo acalentava ainda a esperança de ser arrufo do Mário devido à doença ou ao mau feitio.quando por fim lá passei e vi a porta fechada, a luzinha vermelha apagada, percebi que era o fim e fiquei triste.era o meu bar, onde vivi muitas noites, onde celebrei, onde me refugiei para mudar de collants quando faltavam minutos para estrear uma peça e já estava tudo fechado, quando me faltava o cigarro, quando a noite era imensa e fria e ali o saxofone cirandava. bebo ao Artis e sinto a nostalgia pesada de não ter sido testemunha, de ter deixado ir, como se pudesse ter feito qualquer coisa, algures guardo os poemas gatafunhados em guardanapos de papel e um desenho a tinta da china com o ar sonolento de três ou quatro gin tónics.
12 Comments:
Acompanho-a.
Foi uma referência...
ida!
Doi sempre quando parte o que amamos; gostaríamos de o termoss empre por perto, ao dispôr... a vida tem s eu percurso. Sabemos, mas o coração não gosta de razões, só de emoções. è tolo o nosso coração.
Boa semana!
... não sabia. Também há um ror de tempo que não passo pelo Bairro Alto. Não se pode dizer que fosse um "cliente" assíduo mas frequentei e conheci o Artis e o Mário há muito, muito tempo...
Bom dia,
Sinal de vida acima de tudo
Ver portas a fechar e outras a abrir
.
.
.
enquanto for os estabelecimentos vai muito bem...
bjo
guardo tudo numa caixinha viva,
deixo ir o passado
logo que posso - o que foi, foi e
enfim outros beberes :) onde escreverás em papéis
outras pessoas - talvez menos bonito, sim,
percebo o que sentes, acho que falamos da alma que se fica ali pelo chão dos lugares,
mas de certo modo viaja sempre nessa tal caixinha da memória poética,de quem lá passou.
beijo
~
Por causa desse mau feitio do Mário, que reconheces, o Artis já estava fechado no meu imaginário há muito tempo. Ou terá sido por causa do meu mau feitio?! Opps.
Gostei muito de ler este texto.
Também sou especialmente sensível ao encerramento de casas que fizeram parte da minha vida.
Quanto a este bar, não o conheci.
Beijinho
E foi como se tivessem fechado uma das portas da tua alma, não é? Como se tivessem encerrado o passado a sete chaves.
Belo texto!
bjks
vim aqi lembrar-me de propósito duma canção arrasadora do
tom waits -
que se passa num bar - como não...?
e que, se não me engano, dá pelo nome de
invitation to the blues.
~
~
-pirata-vermelho- uma manifestação pelo Artis, não?
violeta: é coisa pessoal mas pelos vistos não só, outros e juntam ao requiem! verdade que não é puto racional esta nostalgia, mas ainda bem! Boa semana para ti também!
legível: convocado para a manif, portanto!
sma: mas não é só um estabelecimento, é um espaço de fervor poético, e não abundam tais espaços! bjo
~pi: está bem o que dizes, guardamos sim, mas não chega, este Artis devia ser erigido à categoria de monumento com interesse nacional, para todos os nostálgicos e outros que não são mas que lá encontraram uma segunda casinha onde desaguar as suas diatribes ensimesmadas! Beijo
antónio m p: Olá, bem vindo aqui a este saxe, que o Mário tinha mau feitio é sabido, quanto ao teu, nã sei, não comento.beijo
ana: pena, havias de gostar!bjo
claro: é isso, é uma fatia do passado que fica atirado para a caixa das recordações e condenado a morrer um bocadinho!bjos
-pi: acho que conheço, Tom Waitts passava muito por ali!
conforta-me a ideia que em seu lugar nasça um banco... falido! rsss
a sério: tinha "patine", sim.
beijo
herético: tu não brinques!!
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