sábado, dezembro 10, 2005

Fragmentos

9h. Televisão: O Louçã porta-se bem, maquilhagem a mais e uma retórica demolidora, ora bem diz lá aquilo que quero ouvir...pois ele diz, tout court, maravilhoso, está a falar pra mim, fácil.O Cavaco parece um boneco da "Contra informação" Ainda não deu para perceber qual é o original. Essa mão passo.
Janta-se. Há poesia num bife de peru. Num espargo. Num copo de vinho. Os guardanapos têm um monumento da minha terra e foram comprados no "Intermarché" Curioso! Ou, nem por isso.


11h: O tipo da portagem ouve o Sporting na rádio, os da Amadora ganham,engana-se no troco...ok, não é o fim do mundo, o Sporting perde que se farta mas o pessoal joga, jogo é jogo e perder ou ganhar desporto. O que pensa você, a quem lhe falta cabelo, apesar da juventude, da ida dos portugueses a Marte para o mês que vem? E das invasões espanholas no ano passado?


12h: O Bar está reservado para uma festa de Natal. Bora comer cachorros. Há poesia nos cachorros, muita, o indiano que os serve ainda discute o Sporting mas não se engana na mostarda. Passo.


1h: Há poesia no olhar esfomeado do homem de cabelo branco que faz de conta que dança na pista. Hei!Mulheres há muitas , chapéus também!E se fosses pregar para outra freguesia? Não digo nada, só penso. Aqui a interacção fica-se pelos abanões do corpo. Mas uma cerveja gelada nesta noite e na seguinte e na outra ainda, sentir a ponta dos dedos húmida e a lua a crescer lá por fora, dão-me ganas. Volto à pista. Um casal dança agarrado, ele por detrás dela, para onde ela olha, ele olha, parecem aqueles movimentos da natação sincronizada, mas acho que não é isso.


O homem aranha começa a transpôr aquela fina membrana que separa o seu corpo espiritual do seu fato de homem aranha,e a música vem e volta.

12 Comments:

Blogger  said...

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3:09 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger SalsolaKali said...

…horas noctívagas, de meia-luz.
Sedução/solidão.
Horas lânguidas de sentidos perdidos, de sentidos amorfos.
Tudo isto me faz lembrar os cenários e o universo dos filmes de David Linch…
Por ventura, hoje.

Estou farta de demagogia. Não suporto mais e pergunto se haverá alguém que aguente…
Beijo
SK

3:27 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger  said...

Há poesia nas tuas palavras.

A tua poesia faz-me rir.

[Quanto ao debate não tive oportunidade de o ver. Nâo suporto o Cavaco, como sabes. O Louçã desiludiu-me imenso nas Autárquicas parece um padre a pregar a sua fé, quanto às presidenciais não sei, mas não voto nele. ]

3:36 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger manhã said...

salso:Linch?? Não tinha pensado nisso. É assim tão fantasmagórico?Não surgiu nenhum lobisomem no caminho...
Também. Estamos cansadas de discursos.Palavras, palavras, mas é talvez o preço da democracia, a da cia e a outra, a nossa...

pé: Qual poesia? Ah! O espargo!!
Tou contigo.

5:15 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger Monalisa said...

O non sense dos dias....Bom fim de semana.

5:40 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger Madame Pirulitos said...

Nos espargos e nos cachorros.


Tanta poesia inebria os sentidos.
Deu vontade de lá estar e ver com os olhos de mel e céus esquecidos, o que nunca antes foi visto. Mas que sempre lá esteve, sempre, lá.

Tanta coisa que se perde, tanta coisa, por se pensar que não se é feliz...

9:57 da manhã <$BlogCommentDelete>
Blogger SalsolaKali said...

O sis, talvez...?!
Fantasmagórico não. Absorvente, envolvente, distante, misterioso, asfixiante e não asfixiante... sei lá… Talvez pelo ambiente nocturno de sombras deambulantes... mas é mera sugestão contextual.

Eu até gostava de politica, mas desiludi-me com a forma de fazer politica. Deve ser por isso que para mim todos os discursos são demagógicos e chegam a ser hipócritas.
Gostava que me fizessem mudar de ideias, os políticos.
Beijo
SK

11:06 da manhã <$BlogCommentDelete>
Blogger manhã said...

Monalisa: é mesmo, bom domingo.

macaso:Muitas vezes sentimo-nos infelizes e miseráveis, incompreendidos, desrespeitados, sós, mal amados, todos, e isso é triste como os dias sem sol mas estamos aqui, neste preciso momento, temos inúmeras possibilidades de compreender, de resgatar o ser da sombra, de encontrar poesia nas coisas,isso , penso, é ainda estimulante.

Salso: Sim, o mistério de todas as coisas, mesmo aquelas que são habituais têm o seu reverso misterioso.

A política, como arte de governo dos povos, como conceito é terrivelmente bela, mas não sei porqu~e, perdeu de facto, ou perdemos o conceito, ou fizeram-nos perder o conceito. Aqueles senhores aborrecem-nos mortalmente.

12:16 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger  said...

manhã: descobri que essa imagem é do filme "A Mulher que viveu duas Vezes" do Hitchcock, filme que vou ver agora:)
Talvez descubra porque a associaste ao post!

2:24 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger SalsolaKali said...

Sim, essa mesma.
Mas se calhar é um daqueles conceitos utópicos para pendurar na parede.
Irrita-me a sobreposição dos interesses minoritários ou individuais ao interesse colectivo, a falta de critérios, e por último, e já que estas tb foram "inventadas” na mesma altura, leis que punam CRIMINALMENTE os políticos que as ultrapassem (Já que já se viu que de outra forma a coisa não resulta).
Acho que desapareceu a figura e a existência de facto do “Homem justo”, que ouve todos os argumentos e pesa todos os factores na mesma balança, sem deixar, propositadamente, nenhum de fora, que justifique as suas opções e decisões com clareza e sem artifícios.
E depois aquela eterna questão dos princípios e da moral de cada um versus representatividade colectiva (esta dá-me vontade de rir), a lembrar o dilema entre o Homem com todas as suas convicções, moral e fé, e o cientista… embora ache que a primeira não é nem de perto tão dramática.
Bem… Alongo-me demais… Vou.
Beijo
SK

2:25 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger manhã said...

safo:obrigada, para ti também.

pé: sim, vertigo.não tem a ver, é mais pela sugestão do fotograma e não com o filme.

salso:é verdade que neste quintal alguns políticos roubam e ainda são promovidos a empregos vitalícios.
Há boas intenções mas falta convicção e depois quando a confiança se vai não fica mesmo nada.

8:19 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger Alberto Oliveira said...

O Louçã ganha de longe ao Cavaco e a este apenas lhe oiço «... que só fala assim quem sabe que não vai ser presidente...». Bela argumentação para um futuro presidente...

O Sporting perde e eu não gosto. Mas o jogo não é mesmo isso? "ganhar, perder ou... empatar".

Se há poesia nos cachorros!! O meu cinto que o diga! Ao contrário "do apertar do cinto"... alargo-o... cada vez mais.

Há poesia em tudo; assim nós o queiramos e tenhamos talento para a olhar; na dança, nos chapéus?! na natação sincronizada, na fronteira que separa o "jornalista do homem aranha" e da música que vai e vem. Era bem bom que não parasse...

9:44 da tarde <$BlogCommentDelete>

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