domingo, setembro 17, 2006

domingo

Porque hoje é domingo e está aquela luz fantástica de fim de Verão a lembrar a infância e o amolador de facas que na sua bicicleta aos domingos de manhã, assobiava na gaita de seis canos para nos fazer vir à janela avisar os dorminhocos que se afiavam e consertavam toda a espécie de objectos pontiagudos, apesar do domigo ser o sétimo dia da semana, o dia em que Deus no seu afã criador, se deitou para descansar, porque hoje é domingo dizia, e aos domingos ia-se à Igreja depois da confissão de sábado, expurgar e aliviar os pecados, não posso deixar de respirar fundo e fazer a minha confissão, levada pelo hábito ou pelas palavras sábias da minha mãe: "Se alguma coisa corre mal, tu deves ter alguma culpa disso!" Sim, palavras sábias, no escaninho da minha atormentada consciência vislumbro uma luz, pois de nada me serve sentir "que tenho a culpa disso", com a culpa nada se edifica e nada se compra, facto é que com a culpa descobrimos duas coisas importantes que se degladiam infinitamente: que somos responsáveis por aquilo que nos acontece é a primeira (de nada serve pensar que não somos os únicos responsáveis porque isso não anula a nossa responsabilidade) e a segunda é justamente pensar que isso que nos faz sofrer também nos engrandece e a única grandeza é , de facto a que resulta da humildade de o admitir. A tentação é fugir para a frente e recusar toda esta lamechisse, acusar rapidamente tudo, ou não acusar nada, para fugir à dor, mas ela volta, trabalha-nos. Uma psicóloga minha amiga, na sua classificação das doenças mentais diria que esta forma de pensar aproxima-me dos neuróticos. Isso satisfaz-me, ser alguma coisa precisa já não é mau neste mundo de ambiguidades, "grosso modo" ela estará a dizer que o Cristianismo, religião onde todos somos educados é uma religião neurótica, e tem razão.

3 Comments:

Blogger mixtu said...

domingo... dia do senhor...
é um bom dia...

besitos

11:40 da tarde <$BlogCommentDelete>
Anonymous Anónimo said...

Acho que não o cristianismo, mas sim o catolicismo, que deturpou a palavra do Moço, depois o protestantismo que botou mais farinah no caldo...
Sabe rviver bem é saber viver sem culpa, não digo passá-la adiante, culpar outrem, mas descobrir um terceiro caminho... difíííícil!
Fica bem!

11:41 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger manhã said...

mixtu: Ámen...

carecone: Não concordo, essa coisa de viver sem culpa faz-me impressão, grande dose de ego é preciso para isso e o ego não me atrai muito!

10:05 da manhã <$BlogCommentDelete>

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