terça-feira, maio 22, 2007

da memória

Deolinda Fonseca, 2005

Diz-se que há muitos tipos de memória: visual, auditiva, emocional, espacial, intelectual. Quando estudava servia-me da memória espacial, isto é, sabia onde se encontrava a matéria, o grafismo das palavras, a sua posição na página, era o suporte mais fácil para me lembrar. De história, a conquista de Ceuta aos mouros ,prevaleceu até hoje. Mas aqui abre-se um novo parêntesis, porque será que há coisas que não esquecemos e outras sim? Quando voltei a Barcelona depois de terem passado 15 anos , não me lembrava de nada, de Barcelona só retive pequenas guerras entre pessoas, o meu estado emocional enfim. Daí não podermos concluir que temos este ou aquele tipo de memória, pois se a minha memória visual prevalecesse lembrar-me -ia das casas ou das ruas de Barcelona. Mas não. Mais estranho ainda quando lembramos expressões de alguém ou um gesto e esquecemos onde estávamos. Tenho para mim uma teoria. Lembramo-nos do que amamos, do que nos tocou emocionalmente, e sobre isso não dá para antecipadamente saber como irá ser, é como se o próprio tempo e só ele se encarregasse de nos dar a resposta. Quem perdura, Bale...

9 Comments:

Blogger Bandida said...

e são as emoções que nos fazem lembrar. boas ou más são elas que nos conduzem na estrada.

digo eu, que cada vez mais me esqueço do que acho que não é importante. e tanta vez não é importante para mim e é para os que me rodeiam. e depois... é que são elas.

gostei imenso do teu texto!

beijo

10:06 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger Alberto Oliveira said...

... penso que possuo aquilo a que se chama memória selectiva. O que é bom, armazena-se. O que não presta, lixo (leia-se esquecimento). Mas há casos bicudos e de difícil resolução, como este facto real:

há uns anos largos, saiu-me um belo prémio na lotaria (a mim, a quem o jogo pouco me interessa), prémio esse que se o investisse bem, ainda hoje estaria a recolher dividendos do mesmo. Porque não tinha problemas de dinheiro, "derreti" literalmente o valor do prémio em pouco menos de um fósforo em coisas supérfluas. Escusado será dizer, que quando caí em mim, não havia semana em que não me acudisse à memória, o "lado bom" da coisa (ter tido o prémio) e logo de seguida "o mau" (tê-lo esbanjado").Aqui, a minha memória selectiva não deitou para o lixo o negativo da questão. Porque estava ligado ao lado positivo. Foi de tal modo grave, que o meu psicanalista só viu uma saida: reunir todos os meus valores e voltar a jogar. Perdi tudo... mas a minha memória não se lembra.

O Pobrezinho do Costume.

3:43 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger sobre-nada said...

Bale, bale. A minha memória é mórbida, lembro-me sempre das coisas mais estranhas, tipo: naquela rua de Barcelona um gajo dormia nú; quando andava na faculdade perdia-me nos corredores, quando trabalhava numa empresa, numa brincadeira um colega abriu a cabeça a outro, agora... anos e datas, nada.

beijo

7:04 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger manhã said...

bandida: lembramo-nos de acontecimentos associados a emoções. outros que viveram o mesmo seleccionaram outras coisas.Se quisermos então reconstituir momentos, lugares ou histórias teremos de confiar na memória colectiva.os blogs poderiam ser uma forma de reconstruir certos momentos importantes do passado, sobretudo de uma determinada geração, alinhando os pedaços de várias lembranças.
obrigada.bjo

legível: acho que é comum a selecção da memória individual, também pode ensinar o modo como ao filtrarmos as coisas, funcionamos. Olha lá se perdeste tudo e não te lembras quem se terá lembrado por ti? O psicanalista? Ñão filtramos só o bom, quem dera! Teríamos um coração confiante!

sobre-nada:perder-se nos corredores ...achar-se perdida, ora bem, um bom tema para um livro de memórias!Um gajo nu também pode ser, mas noutro capítulo!Bjo

11:49 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger Ana Paula Sena said...

Manhã, espero não vir comentar já fora de tempo... lol
Mas, sim, como disse já disse alguém antes de mim, aqui, a memória é selectiva. O mistério, se o há, reside no que leva a seleccionar umas coisas e outras não.
O teu texto é bom e bonito e gostei imenso de ler sobre a memória espacial. Foi ela que também me ajudou muito em testes e exames.
Beijinhos e boas memórias, para ti e para mim! Para todos! :)

1:18 da manhã <$BlogCommentDelete>
Blogger Ana Paula Sena said...

Por favor, risca o primeiro "disse" no meu comentário! Desculpa a gralha.

1:22 da manhã <$BlogCommentDelete>
Blogger manhã said...

ana paula:sim , porque seleccionamos umas coisas e não outras, ã minha teoria é a de que a memória é funcional, isto é, serve para funcionarmos, como se cada um de nós fosse um aparelhozinho que funciona de maneira singular, de acordo com a experiência que temos, com os problemas que vamos resolvendo, precisamos destas e não de outras memórias, de mais ou de menos e assim a selecção.
um beijo

9:32 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger Anonyma said...

Passeando por aqui descobri este post...da memória.
A minha memória é visual, profundamente visual...
Algures, dentro de mim, existe um arquivo sem fim de fotogramas que consigo repescar e analisar a qualquer instante...
Consigo dizer com a precisão de um cirurgião que livro retiraram de uma prateleira ou qual foi mudado de posição...
Consigo reter uma imagem e descrevê-la no mais infímo detalhe...sem a estar a observar...
É...consigo, consigo mesmo...
Trago comigo todas as cores dos filmes projectados no cinema...até os de medo e terror.

10:46 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger manhã said...

anonYma: bem vinda!
tens uma memória prodigiosa! não me posso gabar disso, de não esquecer rostos sim, e formas emocionais, do tipo vejo algo que me lembra imediatamente uma emoção associada.

4:17 da tarde <$BlogCommentDelete>

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