segunda-feira, junho 04, 2007

domingo

Este domingo previam-se 30 graus para a capital. Era um dia de calor. A marginal de Algés até Carcavelos cortada, para impôr o peão que por lá marchava, bicicletava e inspirava o asfalto. O mar manso e um ventinho de areia no ar ali mesmo na orla desta nossa costa que não é caparica mas isaltina.que me perdoem, diria para ser fiel que é costa de muitos recursos , não se admirem mas ainda trazem de lá polvos, dos barquitos que, à noite , fazem a pesca do choco , do polvo e da lula porque os outros que cambaleiam pelo empedrado a dar banho à minhoca só sacam alforrecas.Este domingo, era toda a época balnear a despontar e mais uns trocos, a disputa das bandeiras azuis, os suspiros do pessoal que no dia seguinte ia bulir e precisava de não pensar muito nisso, os ecos da confusão contabilística da greve dos trabalhadores, a lembrança dos cuidados a ter com banhos, as contratações futebolísticas , a Madeleine, criança perdida nas pistas e contrapistas de um caso de media em descontrole total e as pratas dos gelados a voarem por cima das nossas cabeças.De modo que, figuras de estilo à parte, urgia a escapadela para sítios mais amenos e viçosos. Túnel do Marquês, obra suprema de arquitectura lusa e ...Feira do Livro.
A Feira este ano obedecia a duas evidências estrondosas: os livros gastronómicos e os infantis. Da disputa taco a taco não sei bem quem ganhou, entre os 50 títulos diferentes de cozinha vegetariana e as mil e uma histórias para a criançada, ficou a imagem de umas bancadas em contraplacado apodrecido para onde subiam os variados "núberes" ( o neologismo é de boa vontade!), muitos enfiando os pés nos buracos e trambolhando, o que fez as mães esquecerem por momentos os sapos, as princesas e as gotas de água. Quanto a mim, aviei-me rápido nos alfarrabistas, uns quantos policiais velhinhos e uma "História do cristianismo" dos anos 60, ainda indecisa na casa das letras com o Murakami e finalmente decidida na Bertrand que vende os livros da "Temas e Debates", lá comprei o "Atiçador de Wittgenstein" (andava há alguns anos atrás mas era caro) a um bom preço, falei com o Gonçalo M Tavares por causa do seu Jerusalém em livro do dia (espero que me emprestes!) e rumei rua abaixo até encontrar uma imperial a entontecer com o crepúsculo.

6 Comments:

Blogger Gi said...

Perdi a vontade de lá ir :( mas também me falta sempe um bocadinho a vontade.Gosto de passear entre os livros,desfolhá-los, ler passagens para ver se me toca. Esticar-me para apanhar um ou pedir num stand e ver a cara de indignada ou aborrecida quando depois não o trago incomoda-me um bocadinho. Vou comprando mais caro mas acabo por ter mais prazer a adquiri-los.

beijo

9:09 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger Bandida said...

não fui. e gosto de andar no meio das folhas. com o cheiro dos livros. faltou-me alma.


beijo

B.
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1:39 da manhã <$BlogCommentDelete>
Blogger manhã said...

gi: desfolhar podemos, mexer também, não comprar também e é sempre bonito o parque eduardo VII, ainda vais a tempo, estão uns magníficos dias de sol! bjo

bandida:ainda podes ir, quem sabe se a alma, depois de cirandar por aí, não volta à tua companhia? Bjo

12:26 da tarde <$BlogCommentDelete>
Anonymous Anónimo said...

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é bom entontecer com o crepúsculo.
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ainda vais ter de voltar lá atrás do murakami...
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7:48 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger Ana Paula Sena said...

Ainda lá não fui. Mas estou em vias de o fazer... Acho que ainda vou a tempo.
Geralmente, perco lá horas. Nem sempre volto com grandes compras. A quantidade imensa costuma perturbar-me um bocado.
O teu texto é sugestivo a nível dos ambientes. O blog está muito bonito.
Bj

8:47 da manhã <$BlogCommentDelete>
Blogger manhã said...

corpo visível: ando a ler um murakami grande, Kafka à beira mar, quando acabar vai o outro, o dos pássaros!

ana paula: hoje é o último dia e vale a pena!

10:49 da tarde <$BlogCommentDelete>

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