ir ao mondego
Ia a descer o Mondego este fim-de- semana, os choupos debruçados nas margens, a serrania em declive manso, umas quantas casas empoleiradas.Um rio triste este Mondego, não só triste por ser triste o fado que o canta e que não me saía da memória, mas triste também pela natureza sombria da vegetação e das pedras cinzentas, xistosas, a melancolia da paisagem apela à meditação e entra-nos na alma, transformamos rapidamente as percepções em emoções e estas em sentimentos .O estado de alma de um povo traduz também as percepções da natureza que o envolve. Nós portugueses somos um pouco como o Mondego, mansos e melancólicos.Estava contudo um dia de Sol, um dia de calor, mas não sei se desta luz de Setembro ou se da consciência da despedida do Verão, ficou-me uma nostalgia, uma saudade de nem sei o quê pairando tal sombra sobre o fim-de-semana.
Esta sombra não é alheia à saga "Início do Ano lectivo" telefonam-me alguns colegas em PÂNICO turmas de 7º Ano onde os alunos têm 16 e 17 anos e nas aulas de apresentação já marcaram faltas disciplinares! O ENSINO, ai, que estamos nós a fazer? Que ensino? Gostava de ser optimista, talvez se tivesse ido ao Centro Comercial em vez de ter ido pelo Mondego abaixo pudesse ter, essa coisa enfim, do optimismo, quando vemos a nova gama de telemóveis ficamos tão contentes!
E agora dou-vos o Zeca, que é como quem diz ponho música!
Oh Coimbra do Mondego
e dos amores que eu lá tive [bis]
quem te não viu anda cego
quem te não ama não vive
quem te não viu anda cego
quem te não ama não vive
Do Choupal até à Lapa
foi Coimbra meus amores [bis]
e sombra da minha capa
deu no chão abriu em flores [bis]
10 Comments:
o mondego que bem conheço, desde o mondeguinho, à felgueira, ao basófias e à foz...
mondego dos meus amores...
e cheguei a atravessá-lo a pé, em coimbra... hoje tal não é possível com o açude
abrazo europeo
a "mitica" Coimbra dos amores que lá tive...
quem me dera poder (re)visitá-los!!! rss
A minha terra, assim vista, dá-me saudades...para a outra vez, faça o favor de ir ao xópIng e não de reavivar nostalgias no lado de cá!
Abraço!
È engraçado. Eu frequento semanalmente o Douro, que me transmite essa mesma melancolia tão típica do fim do verão.
coimbra dos amores... e desse mondego que é rio feito mar enquanto a maré se cria.
beijo
B.
talvez o filme "setembro" de woody allen :P
Vagueia-se no rio e vem outro . O da memória. Triste não. Com uma tranquilidade assim chamemos-lhe nostalgia melancólica. A tristeza fica para o estado do ensino em Potugal :)
beijinhos. rio acima e rio abaixo
... dizes bem: "... somos (...) mansos e melancólicos". Pois. Em cada português há um Mondego. No mínimo. Pessoalmente adorava ter dentro de mim um Mississipi mas... tenho de me ater à realidade económica deste país...
Venha o Zeca!
mixtu: o basófias é que não sei onde fica...eu não conhecia o mondego todo. Foi uma agradável descoberta, mas penso que há partes que podemos ainda atravessar a pé.
Abraço luso.
herético: pois que ela lá está, os amores é que nã sei, esses são mais da mudança...acho e daí talvez seja o contrário, mudam as cidades e os amores permanecem, gosto mais desta hipótese.
é-clair: com que então de Coimbra...andas longe sim senhor.Mas ter saudade é bom, alimenta as veias e artérias da poesia.
kermit: será efeito do rio? ou de setembro? quem vagueie por rios em setembro verá nascer esse bichinho, a sereia do fim do verão.
bandida: coisa de amores sim, e de marés. Bjo
mo: não me lembro desse.Mas está certamente associado ao declínio, setembro.
gi: Essa tristeza (a do ensino) nada tem de melancólica, e é mais indignação.Há uma tristeza boa e outra que é pobrezinha. A do ensino é assim.Bjos
legível: Querias logo o mississipi, tu não és pobre a pedir não senhor eheheheh
Adorei ler! :)
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