quinta-feira, setembro 06, 2007

moral e estética

Gina Pane, França, 1939/1990
Poderá haver beleza no sofrimento? Sim.
Dizemos sim mas revoltamo-nos contra a ousadia ou a indiferença.Ajuizar esteticamente algo que deveria apelar a sentimentos morais é como ir buscar a máquina fotográfica enquanto alguém se esvai. Ajuizar esteticamente o sofrimento é como trai-lo, trair aquilo que no sofrimento apela por acção, alívio, empenhamento. Quer queiramos quer não, é mais forte a moral que a estética.A moral é uma força que nos torna iguais e solidários, a estética separa-nos da pessoa, coloca-a como obra, ora a obra atrai-nos mas inibe a aproximação.

9 Comments:

Blogger Mónica said...

uma espécie de sado masoquismo? não me apetece

3:31 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger Peg solo said...

agr de repente lembrei-me do filme "a pianista"... quais sao os limites?
eles existem?
pelos vistos venho de ferias cheia de remeniscencias da idade dos porquês.
beijos

7:54 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger Anonyma said...

A moral viveu na escuridão três mil anos. Quando saiu à luz do dia trazia consigo a inveja, o escárnio, a soberba e a perversidade.
Todo este tempo a estética mostrou-se à luz e mostrou-se e mostrou-se, qual narciso enamorado.
Das duas, prefiro nenhuma e, pobre de nós, se apenas com elas pudermos contar.

6:57 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger Alberto Oliveira said...

... o foto-jornalismo é uma das vertentes mais exemplares da estética do sofrimento que através das exposições anuais da "World Photo Press" mais tem contribuido para uma aproximação do "grande público" a esta forma de arte. E um júri especialista (ajuizando estéticamente), atribui prémios...
Se a moral começa a perder terreno!? só lhe resta exibir-se e ser premiada...

12:57 da manhã <$BlogCommentDelete>
Blogger Manuel Veiga said...

prefiro o tipo "apolíneo" e a estética do prazer...

1:50 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger Gi said...

Há fotógrafos que captam imagens comoq uem escreve uma poesia e, tal como a poesia nem tudo é cor-de-rosa. Existe, amargura, dor, sofrimento. A vida é feita um pouco de tudo isto, a beleza está nos olhos de quem a vê e a forma de quem a sente. Talvez essa beleza seja o caminho mais curto de chegar ao coração. Se assim é acredito vivamente que a mensagem que querem passar seja transmitida.
Cada vez nos tornamos mais insensíveis, menos sensíveis como queiras chamar. Há sempre quem , só com grandes emoções, desperte do estado de letalgia em que se encontra.

Bj

8:58 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger manhã said...

mo: a mim também não, é mais para tentar perceber, como? porquÊ?

Peg solo: sim, a pianista, o desejo de se auto-mutilar, a minha opinião é a de qúe é doença psíquica e há que tratar.Claro que causa uma estranheza imensa, um arrepio e uma repulsa.

anonyma: 3 mil anos na escuridão? queres dizer que servia para espalhar a ignorância? para impedir as pessoas de pensar e conhecer? talvez,mas não lhe chamaria moral, fanatismo sim, a moral nada tem a ver com fanatismo, só nos serve para distinguir o bem do mal e ainda bem.
Gosto dessa imagem para a estética, a do narciso.Assenta bem.Discordo dessa tua repugnância em relação à moral...poderemos renová-la?Soará melhor a ética? desde que o propósito se mantenha...

legível:discordo do sofrimento como motivo artístico, não discordo do fotojornalismo como forma de alertar, de informar e de provocar uma qualquer acção, mas parecem-me diferentes propósitos para o mesmo objecto, analisá-lo apenas da perspectiva estética parece-me uma traição às vítimas.

herético: também prefiro, aliás defendo a estética como o desenvolvimento da expressão, o propósito o prazer.

gi: sim, tens razão, mas quando há vitimação, como aquelas fotografias da benetton com um doente terminal de sida, causa-me uma or imensa, uma piedade, mas de novo apela a sentimentos morais e não estéticos.

11:46 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger Ana Paula Sena said...

Olá! Concordo totalmente. A ética sobrepõe-se à estética. O que não elimina a beleza que se encontra, por vezes, no sofrimento.
Essa quebra da aproximação que a arte encerra pode impedir o que há em nós de mais humano: o sentir-com-os-outros.
Gostei da reflexão (importante).
Beijinhos

3:10 da manhã <$BlogCommentDelete>
Blogger manhã said...

ana paula: é um pouco isso, há qualquer coisa na arte que nos apela à admiração, a um certo distanciamento. Fico contente por teres gostado.

10:13 da tarde <$BlogCommentDelete>

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