sábado, agosto 18, 2007

férias

Monchique, Agosto, 2007
Alto da serra. Soprava um ventinho frio.Este ano era preciso camisolas no Algarve, chapéus de sol para aguentar grandes tiradas de nortada, a propósito, não querendo desistir de praia e de sombra dei cabo de dois chapéus de sol, e eles deram cabo de mim, para os segurar escavei, enterrei, ergui, mudei, ajustei, calculei, segurei...mas gosto do Algarve, do ar, leve e seco , como dizia o meu Pai, no Algarve tudo sabe melhor ,era Alentejano , da pontinha, mas tinha alma algarvia, aliás a última imagem que retenho dele feliz era encostado áquelas rochas barrentas, de panamá na cabeça a olhar o mar verde e luminoso, depois tirava o panamá e dava umas braçadas vigorosas, voltava molhado a sacudir o cabelo, como um adolescente.Dei também umas braçadas vigorosas, foi ele que me ensinou a nadar assim, depressa, até perder o fôlego. Mas o betão cresce por aqui na orla marítima e cresce de uma forma pesada, pondo em risco a segurança de falésias e dunas. Poderia crescer sem saturar a paisagem, mas não há meio de o reter, faz lembrar aquelas bestas que se vão articulando e tomando novas proporções e feitios, ganhamos na consciência destas barbaridades o que perdemos na inoperância das nossas acções. Flagelo a minha burguesia e o pacote todo que usufrui com a maior das frivolidades das maravilhas da costa e se ausenta, por descrédito, das intervenções políticas. São estas as minhas cogitações de férias, que o meu único neurónio amansado por banhos não é capaz de mais.