domingo, outubro 12, 2008

Psicanálise


Quando chegamos a uma determinada idade descobrimos que a maior parte dos nosssos comportamentos obedecem a ordens ou impulsos inconscientes sem que a consciência possa, por si, deslindar esses mecanismos compulsivamente e recorrentemente postos em movimento sem o nosso consentimento ou compreensão. a ciência tem vindo a dar crédito a esta minha intuição mas não apazigua a suspeita desagradável que deriva do facto de sermos determinados por forças latentes, silenciosas e obscuras resultado das nossas antigas vivências, mas também da simples composição e funcionamento do cérebro. Não me agrada nada chegar à brilhante conclusão que não sou livre, nem absolutamente responsável por tudo o que faço, a ser verdade é toda a ideia de ser humano a esvair-se assim como a ordem e os valores, seria preciso pensar tudo de novo e será um dia, tenho a certeza, já começou e não vai parar. Mas nada destas teorias ou simples intuições retira imediatamente o sentimento de culpa ou a consciência da nossa responsabilidade porque se há actos meramente compulsivos que fazemos antes de os pensar e sem saber exactamente porquê, também há outros que tomamos como nossas escolhas e não digo que terá de ser, afirmo simplesmente que é assim, não pode ser de outro modo. Confesso ser a psicanálise um instrumento eficaz, talvez o único, para ajudar a compreender e a mudar alguns dos nossos comportamentos mas tenho dúvidas se isso será realmente importante, só o será para alguns casos, aqueles cujo desvio pode causar mal-estar não apenas ao próprio mas aos outros, talvez fosse ajustável e necessário para dirigentes com grande responsabilidade nos destinos do mundo, para nós meros anónimos, o eu é só um bocado de madeira à deriva num sistema que já construiu há muito os seus portos de abrigo.

13 Comments:

Blogger Ana Paula Sena said...

Bom texto! Sim, a psicanálise faz muita falta, sobretudo para controlar "sedes de poder".

Beijinho :)

1:03 da manhã <$BlogCommentDelete>
Blogger Anonyma said...

Não sou certamente livre, reconheço-o a cada passo, a cada degrau, a cada obstáculo que ultrapasso. E, no entanto, sou-o muito mais do que muitos outros. Sei que paredes me confinam, sei que tijolos podem ceder, sei que janelas posso ultrapassar...mesmo que para esbarrar numa outra parede, maior e mais forte...
E sei que, por vezes, consigo contrariar a corrente ...e por isso tento...

11:49 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger SMA said...

????
Pelo amor aos deuses
Mas alguém ainda fala nos tempos que correm em PSICANALISE
.
.
.
Manhazinha, aceito de ti, porque sim... e a filosofia tem dessas tendencias... risos...
.
.
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vê simplesmente como padrões transgerancionais que se aprendeu e como resistentes à mudança fazemos do mais o mesmo.


bjo de bom dia

2:57 da manhã <$BlogCommentDelete>
Blogger manhã said...

ana paula:ora se o Bush se deitasse no divâ...que dores de cabeça se poupariam para não falar de outras coisas infinitamente mais importantes como vidas de putos...bjo, boa semana

anonyma: aqui está uma visão com algum optimismo...e não nos cansamos de tentar não é?

sma:bem este comentário exige explicação...que há contra a psicanálise?? coisa de geração? e agora? como fazemos quando há neuroses e assim? pulamos?
e explique-me lá, muito bem o que quer dizer com: "aceito de ti, porque sim...e a filosofia tem destas tendências..." nem faço conjecturas enquanto não vier explicação...convincente.

10:36 da manhã <$BlogCommentDelete>
Blogger antónio m p said...

«...um bocado de madeira à deriva num sistema...» Gostei da metáfora com que levaste o texto ao seu porto. Muito.

Aproveito ainda para te sugerir uma consulta a http://usuarios.lycos.es/acfportugal/acfportugal

12:50 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger ~pi said...

seguimos a porra dum mapa mental

[ da idade da pedra ( eu)

cheio de coisas atrás do écran

( é o skinner que tem um livro lindo e super divertido que escreveu com o john cleese, em que fala nisso)

e monstrinhos debaixo da cama

esforço-me meia sísifa, mas por

vezes levo mesmo a pedra tiro-a de dentro do poço

e subo a serra com as mãos em sangue e chego ao cimo(!), e ando sempre a choramingar, também,

bem... pois, psicanálise

c análise




[ esforço-me tanto só pra dizer que gosto de colo e de beijos!:)

GOSTO DE BEIJOS!!!!!!!!!!!

4:24 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger Manuel Veiga said...

"para dirigentes com grande responsabilidades nos destinos do mundo"? mas esse são possuidos de "peste emocional". não há psicanálise que os salve!...

mas concordo contigo - madeira à deriva tem muitos portos! rss

aliás um grãozinho de loucura dá colorido à vida!

beijo

10:02 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger encena_dor said...

Que cena! no Meco ... rsss

11:33 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger mdsol said...

Bem... sem me atrever a discussões "técnicas" para as quais não estou capacitada atrevo-me a uma incursão pela necessidade de nos questionarmos sempre e de não nos deixarmos arrastar pelas circi«usntâncias ao sabor de ventos que não entendemos e procurando sempre o sentido mais profundo das nossas acções.
:))

2:11 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger manhã said...

antónio m p: e não é? aquela coisa de coisa nenhuma a que damos uma importância excessiva?! Obrigada pela dica.

~pi: esforçamo-nos sim com as pedras, depois de as termos posto lá em cima voltam a escorregar por aí abaixo...há que aliviar a carga, deixá-la vir, entretanto bebemos uma bejeca na tasca da esquina! também choramingo, deve ser alergia da mudança de estação!e beijos, também, sim.

heretico: concordas comigo ou fazes o jeito? quase nunca concordas e eu gosto disso!

encena-dor: estavas lá??

mdsol: tá difícil dar mais sentido às nossas acções quando não têm sentido algum e se optássemos pela ruptura? O absurdo vivido até ao tutano...não?

10:42 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger Leonor said...

exclente post.
nao te agrada nada pensar que o teu comportamento está preso de pulsoes. muito bem.
a somar a isso pensa na questao do livre arbitrio.
beijinhos

8:35 da tarde <$BlogCommentDelete>
Anonymous Anónimo said...

o auto conhecimento é importante o resto são carências afectivas :P

grande final, de facto quem precisava de se deitar no sofá e reflectir no q anda a fazer eram os politicos e os gestores de terrorismo nas empresas, isso sim é que por aí vem muito recalcamento, que... prejudica muita gente..

já eu ou tu, é verdade pequenos pedaços de madeira à deriva

9:42 da tarde <$BlogCommentDelete>
Anonymous Anónimo said...

(tás diferente pá!!!!!!!!!!!)

9:42 da tarde <$BlogCommentDelete>

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