segunda-feira, janeiro 09, 2006

Amanhecer

Amanhecer também ao certo com os primeiros raios de Sol, na casa, no mundo, para o mundo.O novo ano veio mas o segredo dos dias nasce inteiro em cada amanhecer. Pensar em grande no Tempo só dói, anos, décadas, séculos, porque é pequenino o nosso tempo, um gesto, um dia, os dias, as utilidades, as esperanças, amanhã,hoje.Oiço falar os homens, os que escrevem, os que agem, dentro das suas palavras está o seu mundo e cada homem é uma ilha salva por momentos na atenção do outro, e não me sacia pensar. Não me sacia pensar. Sacia-me a presença do corpo que desata os nós e abre os braços, as pernas, os olhos, as partes minúsculas do todo que somos, para a eternidade, agora. Voltar ao princípio do beijo, do até breve, reescrever à temperatura do corpo o discurso límpido da vontade. Quero. Vou. Não esqueço. Parte da acção espraia-se nas palavras, nos desejos ditos, voa para longe, encontra os desejos dos outros, outra parte fica retida esperando, linha sinuosa de silêncio, espera e refaz.Entre duas acções amanhecemos, somos istmo, passagem, para onde? Ligamos ilhas.

31 Comments:

Blogger Madame Pirulitos said...

Como refere Isabel Soares "... a necessidade de estabelecer vínculos emocionais é uma componente básica da existência humana, que está presente ao longo de toda a vida. A primeira relação fundamental que estabelecemos com o mundo ocorre através do desenvolvimento de um vínculo emocional com aqueles que cuidam de nós, nos primeiros tempos da nossa vida. É no contexto dessa matriz relacional e a partir dela, que nós nos vamos conhecendo e conhecendo os outros e o mundo como diz a raposa ao princepezinho no belo conto de Saint – Exupery "só conhecemos as coisas que prendemos a nós."


Uma relação vinculatória é uma relação singular e é essa singularidade que permite conhecermo-nos e percebermo-nos com uma identidade pessoal, na medida em que possibilita dar sentido ao conhecimento que vamos construindo sobre nós próprios e sobre o mundo.

Amanhaecer com o outro...amanhecer em nós...nós com o outro

Vincular é criar laços, é ligar as ilhas, é criar relações internas.

Relações amorosas?
Usando então a terminologia da vinculação (à boa maneira de Bowlby), o que realmente é significativo e importante para que os laços que unem o "casal" sejam laços vinculativos é o parceiro funcionar como base segura, como um porto seguro onde podemos atracar.

2:26 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger  said...

...somos nós :)

4:47 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger SalsolaKali said...

Bem…
(faltou-me o fôlego…)
Depois desta explicação da Macaso…
Nem sei que diga… ufa! ufa!

…mas acima de tudo é amanhecer e partilhar, o tempo, o espaço, o corpo, as pequenas coisas e os momentos que não se partilham presencialmente, mas que se partilham efectivamente, e não me perguntes como, porque só sei que sim, que se partilha e nada mais é como era.
…quase que, como uma presença metafísica…
E depois são os gestos, as atenções, as preocupações, o ser-se seguro e confiante, o sentir-se segurança e confiança, o ser-se sempre um porto seguro, independentemente do local da terra onde nos encontramos.
Sermos partilha comum… braços de mar e abraços, ligando as ilhas que somos nós.
:)
BJ GR
Salso

8:29 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger Monalisa said...

Pensei na jangada de pedra e vi assim uma península que se desprende suavemente do continente e vai por aí à deriva ( e Saramago que me perdoe que não o quero plagiar, mas a imagem é demasiado bonita ) ....seremos ilhas ou jangadas, até ao momento em que conseguirmos aportar novamente.

9:42 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger Alberto Oliveira said...

Ligamos pois. E não precisamos de um novo aeroporto, um cais fluvial mais amplo ou um combóio de grande velocidade.
Somos ilhas diversas quantas delas (tantas!) com interesses comuns. Se nos cruzarmos no Chiado ou nos sentarmos lado a lado no King, não nos reconheceremos.
Mas como é fascinante saber que, pela lei das probabilidades, isso pode perfeitamente acontecer. E aí estão duas ilhas que não se sabem comuns mas que na verdade o são.



Esta abordagem ao teu post, foi-me sugerida por uma conversa ouvida num café, no passado fim de semana, em que duas jovens falavam dos seus blogs.

8:42 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger manhã said...

Macaso, não conheço a Isabel Soares mas conheço o Princepezinho : Conheço...o rapazito sozinho no planeta x que trava amizade com uma raposa e esta pede-lhe para, quando se encontrarem, chegar sempre à mesma hora para começar a vestir (florir) o seu coração, Cativar diz ela...pois cativar dizemos nós...

O outro como um porto seguro? Concordo em absoluto, sem confiança não há vínculo que perdure.
Engraçado como foste da teoria à prática, isto é à experiência.

pé: Somos nós? Ó pé tu atina-me! Tu torna-me ao discurso e deixa a interjeição ,se faz favor, que não sou bruxa!

salso: Recupera lá o fôlego...ai!!Encontrar o porto seguro, tarefa difícil, diria tarefa de uma vida e não sei se chega, pois se não encontrarmos o que nos resta o mar alto!Cá o barquito está já a meter água,o mar alto deve ser a morte do artista!!

Monalisa: Seremos, sim, é isso, se calhar às vezes somos só demanda e fé, mas vamos ligando, nem que seja dando a conhecer novos trilhos para outros poderem explorar.

Legível: Possivelmente já fomos à mesma sala de cinema, ao King, claro! Será que eras tu que estavas a comer pipocas???

9:29 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger  said...

Tramaste-me.
Agora tenho mesmo que me atinar...espero aí que já venho...

10:08 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger Alberto Oliveira said...

Eu porto-me muito bem no cinema! Só como pizas fatiadas que não fazem barulho a mastigar...

10:17 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger  said...

Caríssima:

...rescrever à temperatura do corpo o discurso límpido da vontade...(muito bonito!)
As tuas palavras suscitam-me várias questões, e pegando na interpretação do legivel, ainda mais, mas pergunto-te agora, a vontade tem um discurso limpido? Claro, simples? Gostava que tivesse, seria tudo mais fácil. Pode assim acontecer, mas parece-me que muitas vezes a vontade é turva e indefinida.

Ligamos ilhas e formamos um pedaço de terra gigante, chato para as ilhas que não querem ser ligadas, permanecendo isoladas de todas as outras, e existem.

E em relação ao que disse o legivel, há dias pensei que poderia encontrar qualquer blogamigo num café, no cinema ou na noite, mas não o reconheceria, com grande pena minha. Engraçado é saber que nos reconhecemos pelas palavras, mas não nos conhecemos pelos gestos nem pelas feições.
E tanta gente amiga a quem conhecemos os gestos de cor e salteado e tão poucas vezes as palavras!

10:20 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger Madame Pirulitos said...

Eu tenho uma amiga, que começou por sê-lo na bogosfera. Gostei tanto das palavras, senti-me tão próxima, que combinámos encontrarmo-nos, ver caras, gestos, risos. Fui a Lisboa, foi tão bonito. Com ela estavam mais amigos com quem compartilho sentires, foi mais do que bonito.
Eu sei que é possível...

10:57 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger manhã said...

Ó pé tu não te ponhas em bicos de pés! Chega-te à frente se faz favor!

legível: eheheh bem me pareceu que o tipo das pizas fatiadas eras tu! Mas como estava entretida com uma dose de batatas fritas com Ketchup nem dei parte fraca, ainda pensei...olha pode ser que tenha guardanapo mas nã, também não trazias!

pé: Pois agora tramáste-me tu ,coráste-me e enviezaste-me mas tudo bem...Deus é grande! A noite também!
1. Vontade à temperatura do corpo é rápida, forte, limpa, sem ambiguidade. Vontade arrefecida ,por vezes, fraca, dúbia.
2. Se é para encontrar bloguistas bora lá, já te topo à distãncia, aposto que usas rabo de cavalo e mascas pastilha sem açúcar,lês "As mil e uma noites" e usas cachecol, mesmo no pino do Verão.

3. Que fazes parte da família.Siiiiiiimmm.grau de parentesco ainda a definir.

macaso: O caso não é excepcional, é até tentador e penso que deve ser estimulante conhecer os autores dos textos que nos fazem pensar , rir ,descontrair um pouco e SOBRETUDO comunicar, tout court.

11:44 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger  said...

Oh manhã:
A cereja no topo do bolo seria dizeres-me que devo andar sempre com o cd do tony carreira atrás!
Rabo de cavalo? Só para fazeer ginástica, a minha juba é para andar à solta! lolol (Ver episódio do S&C em que a Carri explica ao Berger porque é que uma mulher nova iorquina não sai à rua de rabo de cavalo, salvo raríssimas excepções!)

Espera...pastilha sem açucar? Não me preocupo com a linha, não é preciso! eheh
E mais...

Grau de parentesco? Essa é que não percebi, podes explicar por mail se quiseres, fiquei curiosa!

11:53 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger  said...

E mais...

O que é giro no meio disto tudo é atribuirmos um tipo físico às pessoas, e depois ele não corresponder em nada! lol

Rabo de cavalo? lololol

11:54 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger manhã said...

Ó pé: Imagino-te de rabo de cavalo! Nem me perguntes porquê.
Grau de parentesco a definir:Tia, prima directa, prima afastada, cunhada, irmã...mais?

12:01 da manhã <$BlogCommentDelete>
Blogger  said...

Então começa a imaginar outra coisa, não uso rabo de cavalo.

Grau de parentesco a definir em relação a quem...?
Estou a zeros, a apanhar do ar!

12:03 da manhã <$BlogCommentDelete>
Blogger Peg solo said...

é melhor não comentar senão fazem de mim gordinha, baixa e atarracada.. :p ps.: "no man is an island"

12:44 da manhã <$BlogCommentDelete>
Blogger Alberto Oliveira said...

... o Woody Allen tem aqui material para mais meia-dúzia de filmes...

3:22 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger manhã said...

pé: essa do parentesco está difícil.Então liguei, um pouco livremente, aquilo que tu disseste à existência de famílias de 'blogers', assim em cada família há graus de parentesco, por isso podemos encontrar em cada 'bloguista' anónimo com quem comunicamos determinados graus de parentesco. É isso, foi isso, que quis dizer. Ufa!
ó pé não faço a mínima ideia, mas se dizes que não precisas de fazer dieta é porque és magra e não usas rabo de cavalo, o retrato possível ficará por aqui.

pegada: eheheh tu arrisca que quem não arrisca não...eu é que não arrisco mais que cada tiro seu melro!

legível: Podia ser um diálogo do Annie Hall!

7:28 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger  said...

Ah pronto assim já fico esclarecida, às vezes isto é lento, tu desculpa-me!
Grau de parentesco então...tenho que pensar? Já pensaste em algum? :)

Sim sou magra, sou do tipo come que se farta e não engorda uma grama, ou seja, um séquito de invejosas atrás de mim, bem não tanto!

8:47 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger manhã said...

ó pé isto de parentescos tem graça mas depois está um bocado conotado. irmã é forte demais, prima é demasiado fútil, sobrinha é muito protector. Olha ainda na sei!Talvez mais tarde.

8:41 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger  said...

Pois tens razão...
Realmente...
É verdade...

Vou pensar

1:16 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger manhã said...

ó pé: tu vê lá que quem muito pensa...

10:34 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger  said...

E o diálogo continua...

Olha, vou-te dizer, como foste a primeira estrangeira a comentar no Pé, tenho-te um carinho especial, bom não teria caso não gostasse do que escreves, é a junção dos dois, percebes?

Assim, torna-se difícil de definir o grau de parentesco...

11:18 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger manhã said...

manhã: Que tal comadres????

11:40 da manhã <$BlogCommentDelete>
Blogger  said...

Comadres parece-me engraçado!

Apesar de estar a milhas de distância de ti e da diferença de idades, mas ok!

^:) Deal!

3:13 da tarde <$BlogCommentDelete>
Anonymous Anónimo said...

Verdade...não me esqueci do nosso acordo, uma vez que revelaste o nosso grau de parentesco...aqui tens...

6:20 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger manhã said...

pé: que seja então, de que falam as comadres...do cavaco...do queixo do dito...do estado de sítio do pitróleo, dos engaços na vidinha...

tata: é pá, nem sei que diga, eu via assim comadres de avental e mão na cintura e tu dás-me uma tia da linha!!...

9:51 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger  said...

Uma tia da linha??!
Não sou uma tia da linha, eu nem tenho irmãos quanto mais sobrinhos. E também não sou da linha! Sou de LX, brought up in Castelo. Como posso ser tia?
AS comadres falam de coisas interessantes, falam de tudo um pouco e dão gargalhadas muito audíveis:)

9:24 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger manhã said...

pé: Espero que já tenhas ido votar! Eu sei que não és uma tia da linha mas o nome "tata" faz lembrar!

4:43 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger  said...

Fui votar pois!!

7:48 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger manhã said...

pé: Ok, bonita menina!

11:09 da tarde <$BlogCommentDelete>

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