le Diable au corps
François (Gérard Philipe) apaixona-se perdidamente por Marthe (Micheline Presle) e é correspondido.Banal...agora juntem a época 1917/1918, a terra, França, a idade do protagonista, dezassete anos ,e a aliança no dedo dela. A guerra, o marido herói de guerra, e estes dois para quem o mundo começa e acaba no desejo, na obsessão que têm um pelo outro sem piedade pelos heróis que além do pó das trincheiras têm a cama devassada por um jovem liceal, gracejando da honra e da moral, sem qualquer paciência para heroísmos, dançando enquanto as bombas caem.
Que não se pense que é pueril, o escritor Radiguet, autor da obra escrita da qual o filme extrai a história, morreu com vinte anos e foi um enfant terrible, comparável a Rimbaud.
O escândalo persegue autor e obra, Salazar escondeu-o (para uso pessoal, quem sabe...não...nem isso) isto é, foi banido. Exibido em 1989 já a revolução estava madura. Em Bruxelas, o embaixador da França abandonou a sala em sinal de protesto mas Gérard Philipe obteve o prémio para o melhor actor.
Aplica-se a máxima de Píndaro "Morre Jovem quem os deuses amam" (Philipe morre com 37 anos). O filme sobreviveu-lhes, ainda bem.
12 Comments:
Morre jovem mas vive tanto... por isso morre?!
Boa semana
Bjo
Não sei se é impressão minha mas as assimetrias etárias nas relações amorosas são o pão nosso de cada dia em França...Muita gente com o "diabo no corpo"?
A presença .........ainda que ....na ausência....
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Sempre tão belas as tuas escolhas...
Um beijo,boa semana
presença: Sim, acho que é essa a ideia ,gastam-se depressa demais por arderem em alta labareda.
Boa semana para ti também.Bjo
e-clair: não é só em França e não é definitivamente de hoje. A história de amores funestos está cheia destas assimetrias mas não é a assimetria que é funesta talvez seja a forma como a sociedade a encara, o diabo no corpo diz diz algo sobre essa forma.
ela: Verdade que a ausência potencia a presença, porque na ausência vive-se com uma imagem que nós construímos, quase sempre bela.
Obrigada.
Boa semana para ti também.
ainda bem...
esse dito.. nunca acreditei nada nele... uma forma de desculpar uma grande perda...
beijinhos
persiste... depois da morte, claro! e aos 17 é tudo muito engraçado!
mixtu: a frase é bonita, bale...uma forma de (não desculpar) mas suportar, dar sentido, justificar qualquer coisa que é cruel e injusta.bjos
peg solo: mas trágico, o filme cheira a tragédia desde o primeiro momento como se esta fosse uma forma de pôr o excesso nos eixos da normalidade fazendo-o pagar caro. (engraçado talvez seja uma outra forma de entender a máxima de Píndaro)
O excesso, as regras, a moral (ou morais? pois, que cada vez mais me parecem muitas caras com o mesmo nome), as diferenças, os encontros, as impossibilidades, os possíveis, os limites, o susto, o desejo, o desejo, o desejo...
e a impressão maluca d'a vida ser curtinha demais para desejo a menos, não? tenho "um qualquer coisa" que me rebela perante a regra só por ser regra... talvez por ter andado tempo a mais num colégio de freiras... será?
A imagem é deliciosa, a propósito (ou que não fosse!!) ;)
Este comentário foi removido pelo autor.
Olá Maria! O comentário anterior tinha tantas gafes que tive que o remover. Colégio de freiras? nã, nã acredito. As caras daquela moralzinha da escandaleira e do "que horror" agora são mais paternalistas, todavia porém, arrepiantes!
... não passei por este em tempo oportuno. Mas também está tudo dito...
fantástico este espaço. fabuloso.
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