Apocalipse
Os quatro cavaleiros do Apocalipse, Albrecht Durer, 1471/1528
Como D.H Lawrence falava, hoje vivemos na "orgia da mistificação", ou seja, voltámos às bruxas do Apocalipse, aos dragões das sete cabeças. Passo-me a explicar (passo-me). Na Gulbenkian, os mais destacados vultos das ciências, da Filosofia e alguns do jornalismo, tentavam equacionar de forma calma e racional, o declínio da ciência, alguns mesmo vaticinaram a sua total derrocada. A assembleia, pouco dada a devaneios, deixou-se empolgar por exemplos como "Vejam o Concorde, maravilha científica, vejam como hoje está mudo e cheio de teias de aranha, a cura do cancro, a origem do universo, a constituição da mente, tudo fracassos, a ciência chegou ao seu limite". Não pude deixar de me sentir desconfortável, há pouco tempo tinha-me quase convencido o Dawkins com as certezas científicas a destronarem as trevas religiosas de uma vez por todas e com bons argumentos. Entre a descoberta de que Deus morreu e a Ciência também, saí da sala confusa e cheia de medo.Veio-me à memória a frase que me parece melhor traduzir tudo isto "Cristo morreu, Marx também e eu já não me estou a sentir muito bem" Gracias ao autor. Então? Temos apocalipse ou não? Temos fatalismo ou ficamo-nos por aqui a cogitar no Benfica, no preço da gasolina e nos juros? Mau estar. Generalizado. Tempos perigosos estes, o melhor é andar com muita calma, não vá ainda dar-se um Grande Cisma e vamos todos excomungados para os quintos dos infernos sem direito a apelar ao supremo tribunal europeu dos direitos humanos.
10 Comments:
Estiveste lá?! Ohh...tive tanta pena de não ter ido! :(
Não dava de todo.
Quanto ao que expões, acredita, também estou a ficar "assustada"! Quer dizer que nada de certezas... Vindas de parte nenhuma. Nada de nada.
Mas, olha, eu sou teimosa. A ver o Benfica e a acompanhar concursos chatos, não posso ficar.
Estamos no limite do pós-modernismo(perdoa o chavão) e algures já com um pé no pantanismo.
Logo eu que detesto "ismos"!
Beijinhos! Não há-de ser nada! :)
Ah! E adoro as gravuras do Dürer!
Belíssima escolha!
"mataram" também a Ciência?!... não me digas!
deixa lá - também os ouvi dizer que tínhamos chegado "ao fim da História" .
... e, no entanto, a História move-se!
não descreias, portanto. "mulher de pouca fé"! rss
E eu às vezes penso que estamos a tentar adiar o inadiável . Não vou estar cá para ver mas assusta-me a herança que deixo para as gerações vindouras. Não o "Apocalipse" como ele costuma ser entendido ... mais um Caos, onde nem Deus nem a Ciência por mais vivos que estejam podem valer.
Hoje estou muito "negra" num dos dias que penso assim ! Cada vez mais os optimistas (onde eu me costmo enquadrar) ou são ignorantes ou mal esclarecidos. É só olhar á volta.
beijos
Bem, eu acho preferível ir a um concerto do Quim Barreiros do que a conferências apocalípticas:)
Deliciosa: "Cristo morreu, Marx também e eu já não me estou a sentir muito bem". Já há tempo que não a ouvia/lia.
Tempos perigosos, sim, como todo o tempo é. Falta pão, amor, juízo a muita gente mas sobra a consciência dessas faltas.
... a ciência está bem e recomenda-se ao contrário de quem já lhe está a fazer o enterro. Penso (ou cogito?) que andou (a dita cuja) mais depressa do que estávamos habituados, nos últimos anos e daí pretender-se que essa velocidade tem de ser a norma nos avanços actuais e futuros.
Em 2060* poderemos avaliar, com calma, como foi bom não corrermos a foguetes e desenvolver as coisas com pés e cabeça.
* A esperança de vida não retrocede... portanto...
Sim.
Noite escura esta.
Povoada de medos e esconjuros.
Pobre Galileu.
Mais uma vez a Terra é o centro imóvel do universo.
Manhã, já ouviste uma música do JP Simões chamada a minha geração?
orgias apocalípticas... hummm...
:)
belo post!
ana paula:também não me dou com os ismos...as conferências, algumas valeram a pena.
brigados.
ó herético: eu nã sou de pouca fé! tu é que nã acreditas!
gi: pois é o optimismo não está na moda e sou do teu clube, também optimista!
e-clair: a frase é velhinha, mas actual, os "anarcas" sabiam-na toda!
legível: é verdade, queremos tudo para ontem!ó povo descrente!
anonyma: ainda hão-de insistir que assim é, já faltou mais!
martini: nã conheço!
bandida:bene!
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