segunda-feira, novembro 26, 2007

Ser ou não ser fiel

Não, não voltarei a ser fiel, dizem os santos e pecadores. Eles lá sabem.Somos fieis a um clube de futebol. Sim. Sem dúvida. A uma pessoa? Nem por isso. Diz a experiência. É da natureza, os macacos por exemplo, mas o que dizer dos gansos? Nops. O argumento natureza é sempre descabido. A nossa natureza é a cultura, deve haver muito poucos, ou quase nenhum (o incesto?) acto que nos seja naturalmente interdito e isso nada diz sobre o que é melhor ou pior, a natureza não tem essas preocupações, nós sim. Ser infiel não deve ser mau de todo, agora aguentar a infidelidade do outro é muito mau. Mau mesmo, e isso é um dado da experiência tão enraizado em nós que pensar o contrário é desafiar as nossas vivências mais básicas, fazer teoria de rosas de plástico. É a vida, uns comem e outros são comidos (lá está a justificação natural!) pois é a vida, vidinha. E estamos conversados.Independentemente dos factores subjectivos que ferem a nossa sensibilidade, o que seria melhor? Um mundo onde todos fossemos fieis? Ou um mundo onde fossemos todos infieis? Fico a pensar no assunto. Lanço o repto.
Foto de Cindy Sherman

16 Comments:

Blogger Anonyma said...

Talvez, um mundo em que não tivessemos que ser uma coisa ou outra. Mas, onde pudessemos ser uma coisa ou outra...
O que é ser fiel?
O que é ser infiel?
Sou fiel sendo infiel...
Ou sou infiel sendo fiel...
O que é a fidelidade?
Ou a não fidelidade?
Responder-me-ão simplisticamente...a carne, a carne...
Pois é, minha cara Manhã, não te consigo responder.
Apenas uso o meu casaco e nunca o do meu vizinho.
O que for bom para mim, para ele não será certamente...

11:43 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger Bandida said...

a fidelidade é um conceito tão ambíguo quanto o oposto. há valores morais absolutamente imorais porque vão contra a natureza da emoção. a emoção muda conforme o sentido dado à medida que a provoca. e somos absolutamente influenciados pelos acasos. e imponderáveis são estes. ainda que muito boa gente se esconda atrás de verdades que não passam de mentiras bem montadas,mesmo a níveis de sub-consciente ou até mesmo insconsciente. não há verdades absolutas e quem pensa que as detém está a incorrer numa enorme mentira. essa é a grande mentira. a fidelidade é um conceito pequeno-burguês. inútil e absurdo.

e definitivamente não passa de uma plástica a esconder cicatrizes.

(desculpa a verborreia mas acho que é uma temática muito interessante)

beijo

B.

1:05 da manhã <$BlogCommentDelete>
Blogger SMA said...

Bom dia Manhã!

Ser fiel ou infiel?
Não há um caminho intermedio... como a nova moda "relação aberta"? Risos...
Eu sinceramente nunca fui infiel... mas também o que é ser infiel? Onde está o limite, a fronteira?
Prefiro acabar para começar... é um gasto de energia estar com um "pé em diferentes argolas"!
Mas interrogo-me, o que se anda a passar contigo? Primeiro Sexo e depois (in)fiel? Será a ordem natural das coisas? (Isto está lindo, está... risos)
Bjo

1:32 da manhã <$BlogCommentDelete>
Blogger SalsolaKali said...

Sou pela fidelidade, fiel a mim e fiel, tanto quanto possível, aos outros. A verdade, a clareza, a sinceridade, a justiça.
Não quer dizer que seja sempre possível mantê-la e que por vezes não seja necessário contar pequenas mentiras, ser um pouco infiel e por aí fora, mas percebemos o limite, percebemos o limiar da infidelidade grosseira, pura e dura.
Parto do princípio que não somos animais básicos e irracionais e assim não poderemos simplesmente comprar-nos à “natureza”. Somos “animais aculturados”, é certo, e é por isso que não podemos desculparmo-nos com os “instintos básicos” e “animalescos”.
Mas claro está: a intensidade que se coloca no conceito faz toda a diferença e esta não é a mesma de pessoa para pessoa. Uma questão de cultura e de princípios.
SK

9:06 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger Ana M. said...

Ser fiel nem sempre será fácil.
Mas difícil, difícil é constatar a infidelidade do outro...
Isso eu garanto.

Deixei-te um recado lá no meu canto.

Beijinho

7:43 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger Manuel Veiga said...

porventura, todos deveriamos ser "esteticamente" (naturalmente?)mal comportados. mas não é possivel, reconheço.

fiel? tem graça - tive um cão com esse nome...rsss

prefiro o adjectivo "leal"...

11:06 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger Cristina Caetano said...

Já ouvi dizer que os pombos são fiéis.
Acho profundamente dolorido descobrir a infidelidade do outro que amamos, é a unica certeza que tenho.

Olá, descobri-te através da Sininho.
Beijinhos

12:21 da manhã <$BlogCommentDelete>
Blogger Gi said...

tens um prémio para receber no meu canto, podem ser dois já que um deles é para todos.

Volto mais logo para te ler com a atenção que mereces, a esta hora já não vejo nada à frente., beijos

6:02 da manhã <$BlogCommentDelete>
Blogger Alberto Oliveira said...

... pois. Também gostava de ver esse tal mundo em que todos nos assumíssemos como infiéis e, onde por certo... não haveria cristãos, nem cruzados. Os filhos seriam apenas filhos da mãe, os pais isso mesmo e as mães tal e qual. A burocracia seria aliviada pois não haveriam contratos de relacionamento a dois, de facto, nem separações litigiosas ou de comum acordo, pensões de alimentos, etc. e tal e, progresso dos progressos! evolução das evoluções!: deixaríamos de ser todos mentirosos pelo simples facto de, finalmente nos podermos "encavalitar" na(s) mulher(es) do(s) próximo(s) ou ser levada(s) às "cavalitas" pelo(s) homem(ns) mais à mão de semear... sem receios morais ou danos físicos.

Depois eu é que invento...

11:42 da manhã <$BlogCommentDelete>
Blogger Madame Pirulitos said...

Todas as questões que lidam com os relacionamentos humanos são profundamente subjectivas. Como pergunta a anonyma "O que é ser infiel?". Parece claro mas não é assim tão claro. Ao trabalhar há anos em terapia de casal sei que realmente as relações não sobrevivem se não forem alimentadas e que cada par conjugal cria as suas regras de funiconamento.
E claro que podemos estar a falar de várias infedelidades: ao outro, numa relação amorosa, ao outro, numa relação de amizade, a nós próprios e aos sonhos que fomos desfazendo e aos objectivos que fomos perdendo...



Foi bom voltar aqui.

4:07 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger isabel mendes ferreira said...

abençoada Macaso!!!!!

5:02 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger manhã said...

anonyma: o assunto levanta dúvidas, mas acho que todos nós temos a experiência do que é ser fiel ou infiel. A dicotomia fidelidade/infidelidade caiu em desuso, há algo de picante e transgressor na infidelidade que remonta a uma certa geração que a defendeu como resposta ao casamento hipócrita e aos valores do status quo burguês.A verdade é que agora isso já não faz sentido visto que nos ligamos por amor e portanto essa resposta já não é transgressora.
Se for de comum acordo, why not...concordo.

bandida: pequeno-burguês, sim, por um lado, mas transcende largamente a sua origem social, aliás se fosse só isso a Sylvia Plath não se teria suicidado e ela não era apenas uma pequeno burguesa.Mexe com sentimentos isso sim, de posse talvez mas que se há-de fazer se o laço do amor, sobretudo o amor paixão tem essa exigência, desprezá-la sempre me pareceu altamente perigoso e destrutivo.bjo

presença: e há relação entre sexo e fidelidade? pois há, pois há, a bandida tem razão esta minha origem pequeno burguesa atordoa-me!! O pé em várias argolas?? contorcionismo? muito treino exige essa prática e gosto pelo circo!

salso: sim uma questão de cultura, havendo culturas em que a prática é inversa da nossa, todavia o coração dita sempre preferências, poderemos ancorar a fidelidade na preferência absoluta do coração e não numa norma, é isso, colocando a tónica de que o coração poderá deixar o seu objecto de preferência e que essa fidelidade pode não ser para sempre, mas também pode ser para sempre, e é bonito, encantatório.

sininho: pois é sentir a infedilidade dá cabo de tudo, tira-nos o chão. Essa experiência não pode ser desprezada, pelo contrário, deve servir para aferir o que queremos e o que definitivamente não queremos.
Obrigada sininho, espero continuar a fazer-te pensar, espero que continues a passar por cá, vou ver se passo a alguém este prémio, isso é mesmo uma tortura...

herético: essa da fidelidade e dos cães é como aquela da dança e dos africanos já tem barbas...

cris, estás com a sininho e comigo, que também já a descobri e nã gostei nada! bem vinda!

gi: obrigada, pela amizade e por tudo. bjo e espero que tenhas dormido bem!

legível: todos infiéis e todos filhos da mãe!! eheheheh pois prepara-te que vou ao teu blog com a cruz de cristo ao peito e corro tudo à espadeirada!! encavilitado não é! andas a ler muito Gil Vicente de pernas para o ar!! eheheh

macaso: também conheço casos de casais onde acontecem acordos desse tipo, são a forma possível de manter a relação. Será que dá bom resultado? Não me parece. Há um que sofre horrores com isso!
É bom ter-te de volta!

isabel mendes ferreira: bem vinda!

10:27 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger Ana Saraiva said...

O mundo onde todos fazemos o mesmo, fiel ou infielmente, é um mundo assustador...
A cultura não explica tudo, nem pensar! Há factores bem biológicos por detrás de "modos de vida", há medos bem entranhados que não nos largam os genes!
Po exemplo, qual é a real diferença entre o gajo estar a ver futebol com os amigos e estar a praticar o kamasutra com uma amiga? Dali a umas horas ele regressa, feliz da vida... Ele ou ela. O perigo é sempre o de irem embora com alguém que passou a ter mais apelo/interesse/etc... E aí, quem fica, aguenta-se à bronca da dor de uma separação... A rejeição, temporária ou definitiva, dói sempre. Somos, regra bem geral, seres dependentes...

12:11 da manhã <$BlogCommentDelete>
Blogger Ana Paula Sena said...

A relatividade destas questões chega a ser assustadora. Mas como não gosto da ideia de que vale tudo, e tendo em conta a origem pequeno-burguesa do conceito de "fidelidade" (será mesmo? na Idade Média, sem burguesia, a fidelidade era obrigação aparente,com fundamento religioso; talvez a origem seja tão remota quanto a do próprio ser humano; no entanto, há laivos da burguesia na ideia de fidelidade...reconheço); atendendo a tudo isto, a verdade é que prefiro a noção de lealdade.
De todo o modo, questão complexa, hein? :)
Beijinhos!!

3:50 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger Mónica said...

fidelidade entre as partes todas envolvidas? ou fidelidade unilateral ou fidelidade bilateral?????


ai que desgraça! o melhor é ser feliz!

5:54 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger Mónica said...

fiel soa a cão algo a roçar o irracional

sou fiel a mim pp e não prometo a ninguém o que não sei se posso cumprir. esta é a minha relação com a fidelidade!

ahhh isto porque há pessoas que me acusam de desprendimento, visto como inverso de fidelidade, é verdade que sou, não me filio em partidos, clubes, não faço juras de sangue, nem selo pactos, acho até que já não dou o peito por ninguém (sobretudo de quem me exige! pimba fujo logo!), restam os meus filhos a quem n prometo fidelidade mas faço por merecer a confiança deles :D

e tu?

6:00 da tarde <$BlogCommentDelete>

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