os amores modernos
Chegou o verão e o calor, com eles a azáfama mansa mas persistente do amor ,das relações ou casos, engates ou paixões, a gama romanesca que bem filtrada se reduz a sexo e amor, o amor parece também coisa de "saison" como as alergias e as picadas de melga. No Inverno abranda, há muito trabalho e está frio, na Primavera começa, e no Verão exulta, pois compreende-se, há o tempo de férias sem nada para fazer e quem conhece melhor ocupação que um "affaire"? Um amor é um excelente passatempo de férias para distrair e fazer exercício físico, para além de massajar o ego e não só. Temos portanto um caso de ocupação eficaz e saborosa dos tempos livres, em geral não sai muito cara e proporciona momentos de inegável prazer. Não se admirem no entanto se as empresas privadas de lazer não tenham tanto sucesso como isso ao propor uma gama variada de gigolos e acompanhantes para satisfazer este apetite de amor sazonal, pensaram e nalguns casos resulta, mas o que é paradoxal e risível nesta busca de amor moderna é que cada um não quer ser amado por qualquer coisa que faz ou proporciona ao outro, dinheiro, trabalho braçal, educação , comidinha boa, prendas, não, cada um quer ser amado por si, pela sua (palavra tão na moda) singularidade. Na sua vidinha burguesa e atarefada cada um quer a sua dosezinha de prestígio pessoal, alguém por ele apaixonado. Eu sei que este texto é cínico, ninguém dos visados poderia subscrevê-lo porque continuam a pensar na alma gémea e a acreditar no amor puro, mas na prática ninguém abdicaria da sua confortável vida por ele. O Miguel Esteves Cardoso já escreveu sobre isto e melhor, que o amor dá trabalho e é fo..., que não é só prazer também são os gritos, os compromissos e os obstáculos, mas as tristezas e os vazios que dizemos sentir por falta de amor continuam, a verdade é que à primeira adversidade pomo-nos a milhas , preferimos chorar porque não deu ou pomo-nos rapidamente à procura de um substituto, e fazemos melhor em procurar substitutos do que em chorar porque pelo menos não andamos a enganar-nos com o amor como se ele fosse absoluto e insubstituível quando não é, a questão parece-me apenas tédio, mais nada, e o melhor para o tédio talvez seja rapel, surf, canoagem, ou subir o Everest quem sabe...
(eu cá vou subir o Everest, devagarinho, claro, por causa da perna...)
13 Comments:
É a natureza humana que torna o amor tão complicado.
Pior ainda quando o hedonismo avança a largas passadas...
Estou de regresso à blogosfera se bem que não estou certa da regularidade dos meus posts.
Despi a pele de «sininho» que estava a rebentar pelas costuras...
Beijinho
Bem...quanto descrédito no amor.
Enfim, afirmo, não contesto. A vida varia consoante o eu...
Digo-te apenas que acho que o amor não é sazonal, os flirts talvez, mas o amor não. O amor não tem época, apenas varia o seu formato. Que bom que é o aconchego no inverno, o quente quando lá fora é frio. Na, na o amor não é coisa de verão
tédio??????????
para ele nada melhor que ouvir um bom cd........
bj
e acrescento:
para matar um amor, nada melhor do que arranjar outro amor........
Estou longe de o considerar cínico. Existem mais "verdades" para além da minha, não resumo a minha vida a um olhar para dentro nem a acreditar que o que eu faço ou acredito é seguido pela maioria.
Eu ainda acredito no amor , agora que o Miguel tem razão, ai isso também eu sei .
Tenho imenso prazer em ler-te. Mesmo quando as opiniões divergem :)
Boa escalada. Um beijo e um sorriso
mas olha que diz o poeta "é eterno enquanto dura"...
podes subir o everest acompanhada, ou não?
boa escalada!
o amor é tão simples...
embora por vezes se confunda com esta coisa
da infinita carência que é apenas
e apenas
isso mesmo, a carência
que passa e vai...
o amor de amar é raro e permanece e sei que podemos
reconhecê-lo e
sê-lo ~
Adorei! Uma análise contundente de como para se fugir ao tédio se cai tantas vezes no maior tédio.
Eu cá também alinho na escalada do Everest :) ou no surf :) ou no rapel. Vou mesmo pensar no caso muito a sério!
E como o Everest é imenso, deve ter espaço para muita gente se desentediar...
O amor existe, claro que sim, mas não é um bem de consumo.
Bom domingo!
voltei,
reli
e
concordei,
imenso,
com a mensagem da
~pi ..............
ana: já lá fui espreitar, ainda bem que voltaste, já vou comentar!Bjo
martini:sim, sim, sim, tens razão como sempre.
frioleiras: absolutamente de acordo com as duas hipóteses de solução.bjo
gi: bom para ti, Gi, muito bom para ti. Obrigada és mesmo gentil.Bjo
bandida: pois não era má ideia não senhor, que lá faz muito frio...
~pi: ser e permanecer, bonita conjunção, poética! bonito o texto. Bravo ~pi!
ana paula: vamos então organizar excursão. Aceitam-se candidaturas.bjo
frioleiras:o balanço é: Amor 4 - Casos 0. e ficam dois para o Evereste e 1 para outras hipóteses.
Também?! 5 para o Amor. Não haja dúvida que ganha o Amor! que ganhe!pelo menos em imaginação ganha!
Vim conhecer o teu blog, e gostei do texto que li: de uma ironia amarga, algum desencanto, mas verdadeiro, o que escreves.
E que a tua escalada corra bem:))
Obrigada pela visita lá pelo "Quarteto" :)) (os 4 livros, e não só a "Justine", são na minha opinião uma das grandes obras literárias do séc.xx)
cínico o texto? diria antes "provocatório". (para não lhe chamar heretico rsss).
deves ter uma vista fenomenal. do alto do Everest...
muito fôlego... o resto...coração ao largo...
:))
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