quarta-feira, março 15, 2006

Falhas de percepção

Quase sempre esperamos um sinal quando a angústia ladra como um cão raivoso com o seu realismo de cordel, de facto, oh poesia, somos a folha amachucada que rola pela estrada em declive, acicatada pelo vento. Nada mais. Ninguém. Mas quase sempre esperamos um sinal, como o funâmbulo, equilibrado a 100m de altura, no fio que lhe corta os pés, imagina estar a andar numa alameda recortada de laranjeiras. Quem sabe se nessa falha de percepção está o segredo da sua coragem.

9 Comments:

Blogger Madame Pirulitos said...

Falhas são como folhas que caem.

Mas o sinal...sim esperemos por ele. Sempre.

2:35 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger  said...

Poderia iniciar este comentário recorrendo ao velho ditado quem espera sempre alcança, a sabedoria popular é sempre o último reduto...mas também um opuco irritante.

Bem e agora já comecei, já disse o belo do ditado.

Agora mais a sério...
Tenho aprendido (!) que aquilo que nos aguarda atravessa-se no caminho de formas inesperadas e nem sempre com os mais visíveis contornos. Temos que estar...alerta.

7:41 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger Unknown said...

Percebo a citaçao, e o presto dado a Rimbaud. Só por isto já terias o meu valor. E textos belos. Completo.

7:55 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger isabel said...

será que é necessário esperar o sinal?
A vida vai acontecendo, é assim, umas coisas levam ás outras e muitas vezes acontece o inesperado.


Como dizia uma amiga minha "o que é para ti, os ratos não roem"


Beijinhos

1:47 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger Rui said...

Por vezes, quanto mais esperamos o sinal, menos o vemos.
Imaginamos a sua forma, a sua cor, o seu som, e procuramos, mas raramente é o que imaginamos.
Não devemos, então, procurar? não sei responder...

2:55 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger manhã said...

macaso: A espera do sinal parece-me mais um esforço da imaginação, ou ainda, nada mais que uma falha de percepção. Há assim muitas formas de encarar as mesmas coisas.

pé:Pois, estás a cantar-me a canção do bandido! Isso ou o seu contrário mas de qualquer maneira hiante, diz o Cesariny.

vinicius: Boas ondas aí para os nossos irmãos brasileiros. Obrigada.

clotilde: É uma visão ajuizada sim senhor!

rui: É mais ou menos isso, o sinal esperamos, mas o que vem é sempre diferente!

8:56 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger Alberto Oliveira said...

Fiz um comment tão giro... que me desapareceu! isto é considerado um sinal?!

Engalinho um pouco com sinais; com os de trânsito não, por motivos óbvios. Dos outros não os leio porque não dou por eles; porque sou despassarado. É uma prática negativa, eu sei, que devia sabê-los interpretá-los, para não me comerem as papas na cabeça (parece-me que é assim que se diz...)
Por outro lado, não gosto de ser assinalado; já Luis Vaz escrevia "e os barões assianaldos" que numa tradução rápida, queria dizer na dele, que os tais barões estavam "no ról" ou tramados...

Safo-me com o teu exemplo do funâmbulo; na única viagem que fiz à India, e na qualidade de turista acidental, fui convidado (e aceitei) a percorrer vinte metros de brasas incandescentes. Nas calmas; que as botas tinham uma sola bem forte...

8:38 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger manhã said...

legível: Ai ir à India...era bom, era! Se o preço é caminhar sobre brasas (simbólico isso!) não me importo, já ganhei calo!

11:23 da manhã <$BlogCommentDelete>
Blogger Peg solo said...

excelente texto!
o sinal.. esse está a um palmo de distancia e tão visivel que não se dá por ele quando se espera que esteja escondido num pormenor por exemplo de uma laranjeira do caminho. A simplicidade dá-nos uma sabedoria inacreditável!

11:01 da tarde <$BlogCommentDelete>

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