segunda-feira, abril 17, 2006

Balanço

Que vamos nós fazer? Que vamos nós dizer? Porque teimamos em magoar quando queremos ter certezas que só habitam na ânsia de sermos outros que não nós mesmos? Quando aceitaremos deixar-nos tomar por outros sem medo de nos perdermos? Porque dizemos amar e fazemos o contrário do amor? Queremos o nosso eu, como se fosse coisa que se tivesse quando é coisa para dar...amor burguês, amor coitado, amor medroso.
Quanta palavra e análise e esforço habita as nossas boas intenções e quanta fagulha de nada as nossas acções. Estar e ser, habitar.Simples.Porque só falamos do amor quando o perdemos ou ainda não o temos? Talvez porque não podemos. Não com as palavras, chegar lá.Longo caminho a percorrer sem que deixar exista. Existe o ser. O que é. Agora. Na sucessão do tempo a ausência não existe porque lá só está o que não temos. Todo este discurso tresanda a frustração.Se estivesse frio batia com os pés no chão para me aquecer. Não quero o que ainda não é, o que nunca chegou a ser, o que quando foi só se pressentiu quando deixou de ser. Corpo, gestos, olhares, aqui, sem promessas, sem discurso de intenções. Puro começo, sempre na eternidade. Recuso o não deu, não pôde ser porque, enfim, a virtualidade da fuga com a chantagem do que poderia ter sido se...
Nesta segunda feira em que, depois de férias nos preparamos para trabalhar, sou mais uma na multidão anónima que luta à sua tosca maneira e no meio do detergente e da translação rápida, por uma paz, paz.Não em promessas, em actos, não em ausência em presença. Assim, em nós, a paz. Não vamos culpar o amor, o outro, a circunstância, nem a nós podemos culpar, nós todos e tu também fazemos o que temos.

9 Comments:

Blogger M. said...

bem... posto isto...
só desejo uma boa semana...

11:29 da manhã <$BlogCommentDelete>
Blogger manhã said...

Obrigada m, também te desejo a ti, uma boa semana.

12:09 da tarde <$BlogCommentDelete>
Anonymous Anónimo said...

Tresandas a frustração sim!

10:23 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger manhã said...

Ó anónimo tu põe-te à vontade não andes pra aí a remoer na sombra!

11:12 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger Rui said...

A culpa. Entregamo-nos muito a ela. Gastamos muita energia a lidar com isso.
Era bom que vivessemos mais. Sem culpas.

1:44 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger  said...

Sou forçada a não concordar contigo, ainda que me tenha deleitado com o que escreveste.
Mas por força das circunstãncias naturalmente que divergimos de opiniões...o amor chega a ser. Há uma altura em que simplesmente...é. Por não ser dito não vale mais, na maior parte das vezes as palavras que ficam por dizer são aquelas que se valorizaram mais, porque as que se disseram ficam sempre e muitas vezes perdem o sentido.
O amor chega ser, é preciso é encontrar-lhe o sentido. Espero eu.
Não te frustres...por favor!

2:26 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger Madame Pirulitos said...

Duas perguntas:
Porque maltratamos as pessoas que amamos?
Porque é que amamos as pessoas que nos maltratam?





1.a)porque queremos maltratar-nos a nós próprios e é demasiado penoso fazê-lo de forma directa?

b)porque temos medo de amar e por isso procuramos, incessantemente, despertar o pior que há no outro?

c)porque precisamos de ter a certeza que por mais mal que façamos o outro vai estar lá?

d)simplesmente... porque temos medo? de dar? de receber? de ficar a dever? de ficar dependente? da responsabilidade de causar dependência?

2.Porque temos uma falha de amor e queremos a todo o custo provar que conseguimos Conquistar o amor e a admiração de alguém... porque temos ou tivemos dúvidas do amor e admiração de alguém no passado? muito passado?




Só tentativas...

2:25 da tarde <$BlogCommentDelete>
Blogger Rui Miguel Ferreira said...

...há coisas que continuo sem perceber... o que mais me aborrece é que as coisas da vida poderiam ser ridiculamente (para nós que as tratamos de confundir) tão fáceis...

Bjo
Rui

11:16 da manhã <$BlogCommentDelete>
Blogger manhã said...

zahaara: Sim, emotivos, daí talvez compulsivos e desorientados. Os que não demonstram fazem bem, os que demonstram também porque nestas coisas não há cartilha que valha! Obrigada pela visita.

rui: É verdade mas a culpa existe e, na minha opinião, devia servir para nos fazer mudar o que está mal, quando ninguém assume nada, também não há culpa e ainda é pior, é o reino da impunidade.

Ó pé, perdoa-me se estiver enganada mas pressinto paixão na costa. Ai ai! (suspiro)

macaso: Deixa ver:
Parece não fazer sentido esse comportamento mas acontece daí ter que ter uma explicação, embora todas as explicações do mundo não o possam alterar, há de facto forças que trabalham em nós ao arrepio da compreensão.

O medo claro, o medo. A solução seria começar a ver filmes de terror para perder o medo, experimentarmos fazer o que nos causa medo em vez de chorar sobre o leite derramado.

rui ferreira: Tudo é incrivelmente simples se nos colocarmos na posição de olhar o que temos, o problema é que deixamos esse olhar turvar-se com as mágoas do que não temos, do que não conseguimos, do eu e assim...caldo entornado!

12:20 da tarde <$BlogCommentDelete>

Enviar um comentário

<< Home