Cristo e Babel
Babel, a mítica torre que Brueguel cheio de metásteses cristãs retrata em ruínas, foi o berço da nossa civilização; nela conta-se que as línguas proliferavam e os homens também como saraivadas de gafanhotos expeliam frases desconexas e assim ficavam atarantados da magia controversa das palavras que devia servir para se entenderem e afinal só os dividia. Cristo veio sem monumentos e sem coroa de rei, pobre e sofredor, quis instaurar a linguagem universal, a do coração, sem mais, como água transparente devia correr entre os homens que já não necessitavam de palavras para se entenderem, a linguagem de Deus, já não a dos homens. Mas de Cristo veio a estirpe dos que iniciaram uma outra linguagem, e destruíram templos. Quando falamos da tradição, do que nos une, não podemos falar só de Cristo. Nesse templo de Babel muitos acreditaram que apesar das línguas e das linguagens de Deus e dos deuses a humana busca de uma linguagem universal não pode ostentar a marca de um poder brasonado e inquestionável. Para além de todas as manifestações históricas diversas o coração nada rejeita e tudo inclui da diversidade, a linguagem do coração não pode ter pretensões hegemónicas ou estamos novamente a falar sem nos entendermos.
2 Comments:
Reconhecer-me em teus olhos, reconhercermos-nos em nós mesmos, amarmos-nos uns nos outros e em todos ao mesmo tempo...
Vai demorar um pouco!
POnha um milênio aí, talvez, com boa vontade, meio...
Feliz Páscoa.
Beijo.
pablo: É isso mesmo, como conceito, perfeito mas na prática uma utopia...mesmo utópico não pode deixar de nos orientar!
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