quinta-feira, agosto 30, 2007

Bergman, Antonioni, Prado Coelho

COMO ISTO ESTÁ MEIO PARADO; AQUI FICA O DESAFIO PARA CINÉFILOS:
QUE FILME É ESTE?

" Estou pobre de palavras, desprovido de recursos. Gostaria que estas imagens em fúria e insurreição se transformassem numa casa transparente, e a casa num livro, e o livro num poema, e o poema numa folha nua, e a folha numa flor de substância solar - e que tudo isto fosse uma cantilena e uma adivinha, ou uma dança de roda. Sei que não vale a pena recordar, nem perdoar,nem recuperar, nem reconciliar, porque tudo persiste agora num recanto do mundo sem janelas nem respiração - sinto-lhe aqui a cicatriz duma insuportável rasura."

Eduardo Prado Coelho,Paris 1992 in Tudo o que não escrevi, Diário II

Tudo persiste , o barco e o Sol, as palavras e os silêncios, e o barco transforma-se em palavras,estas em Sol,o silêncio em barco e o Sol em silêncio.então o sol é barco e as palavras silêncio. e volta ao princípio como uma cantilena. agarramos um fragmento qualquer, em qualquer momento porque não há princípio e também não há fim.

quinta-feira, agosto 23, 2007

Os meus filmes

Aceito o desafio da Música do Acaso. Escolho os dez filmes que mais gosto. Para a próxima escolherei mais dez. Assim me ajude a memória! São muitos anos e muitos filmes. Os actores, a construção das personagens e o argumento são os factores decisivos, são neles que confio para me deixar levar por aí fora à descoberta do sentimento, da euforia e da tristeza, da admiração e do encantamento.
Aqui vão então por ordem cronológica:
1. 1927, AURORA, Murnau, Alemanha/USA

2. 1937 - A GRANDE ILUSÃO, Jean Renoir, França

3. 1939 - A DILIGÊNCIA, (Stagecoach)John Ford, USA

4. 1945 - ROMA CITTÀ APERTA , Rossellini, Itália
5. 1952 - CLASH BY NIGHT, Fritz Lang, USA
6. 1953 - PICKUP ON SOUTH STREET, Samuel Fuller, USA
7. 1955 - A PALAVRA , Carl Dreyer, Dinamarca
8. 1969 - O COMPROMISSO, Elia Kazan, USA
9. 1987 - ONDE É A CASA DO MEU AMIGO? Abbas Kiarostami, Irão

10. 1996 - O PACIENTE INGLÊS, Anthony Minghella, Inglaterra

sábado, agosto 18, 2007

férias

Monchique, Agosto, 2007
Alto da serra. Soprava um ventinho frio.Este ano era preciso camisolas no Algarve, chapéus de sol para aguentar grandes tiradas de nortada, a propósito, não querendo desistir de praia e de sombra dei cabo de dois chapéus de sol, e eles deram cabo de mim, para os segurar escavei, enterrei, ergui, mudei, ajustei, calculei, segurei...mas gosto do Algarve, do ar, leve e seco , como dizia o meu Pai, no Algarve tudo sabe melhor ,era Alentejano , da pontinha, mas tinha alma algarvia, aliás a última imagem que retenho dele feliz era encostado áquelas rochas barrentas, de panamá na cabeça a olhar o mar verde e luminoso, depois tirava o panamá e dava umas braçadas vigorosas, voltava molhado a sacudir o cabelo, como um adolescente.Dei também umas braçadas vigorosas, foi ele que me ensinou a nadar assim, depressa, até perder o fôlego. Mas o betão cresce por aqui na orla marítima e cresce de uma forma pesada, pondo em risco a segurança de falésias e dunas. Poderia crescer sem saturar a paisagem, mas não há meio de o reter, faz lembrar aquelas bestas que se vão articulando e tomando novas proporções e feitios, ganhamos na consciência destas barbaridades o que perdemos na inoperância das nossas acções. Flagelo a minha burguesia e o pacote todo que usufrui com a maior das frivolidades das maravilhas da costa e se ausenta, por descrédito, das intervenções políticas. São estas as minhas cogitações de férias, que o meu único neurónio amansado por banhos não é capaz de mais.

sexta-feira, agosto 10, 2007

para ti


tudo isto

passo a descrever:

falésias

ervas

areia fina

algumas flores

e um céu azul azul

o vaivém das marés

e o sussurro das ondas

tudo isto e mais aquilo que por detrás dos nomes se agita

é para ti

só para ti