verdade
Acredito que a verdade salta no meio das conversas, dir-me-iam que é uma pretensão inútil a verdade, pois sobre cada um ou cada coisa há muitas verdades e eu diria que sim.
A Alicia hoje ao jantar: Sabes Helena, sonhei contigo! ah ! conta, disse eu, e ela começou a rir, sonhei que estavamos na nossa casa da Costa e tu estavas lá, eu tive que ir ao frigorífico buscar a gelatina e quando cheguei cá fora tu tinhas morrido...ninguém chorou, enterrámos-te na mala do carro, foi assim o teu enterro.
Bolas Alicia! pensei eu, assim? Ninguém chorou...na mala do carro...
O jantar continuou, eu sentada à mesa a matutar, que quererá isto dizer, seja o que for, pensei, é triste.
Se fosse um adulto entrelaçaria conjecturas mas era uma criança, há uma verdade na voz das crianças, pressinto-a mas não a sei conceptualizar. Que morro cada dia e morrerei, sim, inesperadamente. Tens razão Alicia, não há que conjecturar.