segunda-feira, julho 31, 2006

Viagens na minha terra

" Que viaje à roda do seu quarto quem está à beira dos Alpes, de Inverno, em Turim, que é quase tão frio como S.Petersburgo - entende-se. Mas com este clima, com este ar que Deus nos deu, donde a laranjeira cresce na horta, e o mato é de murta, o próprio Xavier de Maistre, que aqui escrevesse, ao menos ia até ao quintal."

Almeida Garrett ,Viagens na minha terra

Também vou ali até ao quintal e já volto...

sexta-feira, julho 28, 2006

férias
Nunca gostei do conceito. Mais nova e desalinhada contrariava a tendência comum e trabalhava nas férias, nesse mês onde a cidade de Lisboa ficava deserta e era possível vagabundear sozinha pelas ruas, as pessoas estavam mais descontraídas e as noites mais animadas, íamos para salas de cinema com ar condicionado enquanto lá fora se torrava. Nessas alturas ensaiava peças ou representava, trabalhava a substituir alguém numa livraria ou na copa de um restaurante. Era ponto assente que Agosto era para ficar na cidade porque os burgueses iam na massa mas nós não, os artistas eram o avesso, respiravam exactamente na altura em que todos sustinham a respiração.
Agora algo mudou, passados 20 anos muita gente tem apenas uma semanita de férias e ficar em Lisboa em Agosto não é nenhuma experiência revolucionária, há carros por todo o lado, um ar irrespirável e o mesmo frenesim de um dia normal de um normal período de trabalho. Aquele grande mês de êxodo foi substituído por uma semanita aqui outra além, concentrada e curta, a féria já nem se nota.
Como toda a gente, também tiro dez diazinhos para, utilizando uma expressão na moda, gozar num lugar qualquer, uma interrupçãozinha antes de começar tudo de novo, mas este novo espírito tecnocrata, de férias como terapia para poder trabalhar mais e melhor está a irritar-me. Muito.
O trabalho que se lixe (falo de trabalho assalariado que é o trabalho de quase todos nós) continuo a considerá-lo uma forma de escravatura torpe e mal cheirosa! Sacrificar o que somos ao trabalho parece-me coisa de carraça e não de homem e depois perdoem-me mas que se lixem as férias, a nossa vida não está compartimentada, é um todo gaita, um organismo palpitante, de onde saiem pequenas fagulhas de coisa nenhuma sem qualquer utilidade. Não vivemos para produzir, pelo contrário, na minha modesta opinião já produzimos porcaria que chegue e urge fazer uma pausa? Hein? Na produção, tirar o pé do pedal e bolinar? Ao sabor do vento.


Fotografia retirada daqui www.thisisthelife.com/en/travel/galapagos.htm:

Prémio do jogo "Os sítios de Portugal":

SOTAVENTO: Uma semana nas Galapagos , com estes animaizinhos fantásticos ! A vida marinha selvagem! A poeira nos sapatos e a brisa fresca do mar!

Obrigada ao pessoal que participou!

quarta-feira, julho 26, 2006

É um rio que testemunhou vidas muito antigas. Às vezes seca, atravessa-se a pé no Verão .Rio meio envergonhado pelas pedras. Estamos no lugar da pedra. Granito. Onde?

segunda-feira, julho 24, 2006

Falava em caminhos, antes de começar a falar aqui, falava para comigo, em solilóquio. Dizia (ou pensava?) que os caminhos vêem-se em retrospectiva, quando já vamos longe e olhamos para trás. O tempo é curto para a sagacidade, ou talvez não, talvez seja fragmentada a nossa visão, daqui ali, somente, a traço grosso os acontecimentos, a traço miúdo alguns pormenores, e o caminho é a forma da estrada que une estes lugares ou a forma de uma paisagem.Há pedaços que escapam envoltos em penumbra, um monte, um arbusto ,uma escarpa, a névoa de um esquecimento. Assim a paisagem de cada um se vai erguendo, nem sempre igual , como se viver riscasse numa tela um desenho em movimento. Não, ainda não sabemos qual é, mas um dia iremos saber, só nós poderemos saber, mais ninguém. Então, rascunho na sebenta esta imagem e pondo as mãos em concha pego nestes montes, no verde e no cinzento e sopro, há vento ao cimo dos montes. Onde estamos nós? Qual a paisagem do meu ser? Do teu?

sábado, julho 22, 2006

Da saga dos figos (é simbólico, uma pista...) à saga de lugares, aqui está um ao anoitecer, pura matéria de casario e rio que por estar desfocado poderia ser um sítio qualquer, até sítio nenhum, puro lugar na imaginação onde terra e água se cruzam como por encanto , estranha esta razão de nos fascinar o que é comum. Sempre que aqui venho tenho vontade de ajoelhar. Mas isso já ultrapassa a matéria, ultrapassa até o lugar e a sua mística, para mim, e não peçam para explicar porque poderia mas não sei para quê, que o Verão pede é água e não palavras, então para mim há sempre uma curva de rio, quando morrer talvez leve comigo,como última imagem, a curva deste rio e ele nem sequer suspeita disto. Desafio ao reconhecimento. Onde estamos?

quarta-feira, julho 19, 2006

A toalhita entre a revolta palavrosa , a revolta palavrosa e afinal a indiferença

Era para fazer apologia de pausas e sossegos. Conhecem o pão com torresmos? São da mesma natureza. Nós aqui sossegadinhos mais o pão com torresmos e aqueles ali arrebentadinhos com uma série de rockets e bombas. Estes aqui a estender a toalhita e aqueles ali a violarem a filha. Estes aqui discutem a marca do bronzeador e aqueles ali morrem de fome e de moscas na cara. Aqui a dieta, ali a mina, aqui tudo bem ali fica-se debaixo das pedras. Curioso é que as vidas não valem todas o mesmo. Morrer um português não é o mesmo que morrer um iraquiano ou um palestiano.Oh Verão! Oh Dantas! Não, não é o mesmo.Mas é tudo o mesmo. Continua e nós nada!Nós nada. A toalhita!

quarta-feira, julho 12, 2006

Hoje sinto-me um atelier de tempos livres a precisar de obras de Verão. Assim como purificador de ambiente, um rio que vai devagarinho para o mar. Lá à frente já se vê, o mar. Trata-se de uma paisagem invernal mas pode ficar como o sítio para descobrir. Bora lá pessoal. Olhinhos. Onde estamos nós neste Inverno?

segunda-feira, julho 10, 2006

Imagens


Gustav Klimt, Viena, 1862 - 1918 Salzburg

A questão das imagens tem-me parecido importante de tratar. Há imagens nossas, fotografias que tirámos aqui ou ali, às vezes colocamo-las no blog e elas passam para a corrente sanguínea da Internet, depois a Internet, para os amigos, Net, tem uma panóplia verdadeiramente daninha de imagens avulso que estão ao nosso alcance com um simples click, sem pagar direitos de autor. Há uns anos (seis, sete) fazer uma amostragem de quadros de artistas famosos era um trabalho de investigação e investimento visto que a essas imagens só alguns tinham acesso, implicava ir a museus, comprar slides etc, agora é vulgar, trabalho de soma de clics que nem sequer está dependente do conhecimento daquele que investiga porque basta digitar uma palavra qualquer para termos uma série de quadros de pintores célebres, assim como uma série de boas, más, e horríveis fotografias tudo ali à mercê da nossa sofreguidão de cópia. Hoje resolvo presenteá-los ...com Klimt, um dos meus pintores favoritos, está aí um filme sobre ele! As suas cores, formas arredondadas e a ternura ousada com que trata a pintura tornam a sua obra deliciosa, se quisesse encontrar uma palavra para ceder Klimt à atmosfera da razão eu diria: Klimt é um pintor delicioso e passaria depois a enumerar razões. Mas não é só por isso o meu encontro com Klimt, é sobretudo por necessidade de arrumar a casa. Doravante, imagens de quadros vêm com o nome do autor (dos quadros) e são todas tiradas da net, fotografias se tiverem autor também, se não coloca-se net. Fotografias originais vêm nuas, sem referência nenhuma e assim a César o que é de César e já agora à Itália a taça, pois então!

sexta-feira, julho 07, 2006

A serra, na sombra. Lugar estranho, solitário, também podia dizer sombrio, assim sendo seráfico, cinzento mas sereno, sagaz e sóbrio.Vou deixar as aliterações em S, boas para exercitar os "sopinhas de massa" e conduzir à palavra xisto, eu xisto, tu xistas...onde estamos nós?

segunda-feira, julho 03, 2006

Ora bem...um táxi, dois táxis, três táxis, quatro táxis, cinco táxis...
Um taxista, dois taxistas, três taxistas...

Um atropelamento com fuga a seguir...um táxi
Um pagamento a dobrar que se aceitou...dois táxis
Uns pneus cortados por ter (inadvertidamente ) estacionado no lugar dos ...três táxis

Quantos táxis temos?