domingo, abril 30, 2006
quinta-feira, abril 27, 2006
Pontos altos e pontos baixos
Um dia, a resposta da minha sobrinha espantou-me, disse ela: " O meu ponto alto do dia foi o corta mato que fizemos, fiquei em terceiro lugar!" e chegou-se à frente quase encostando a cara à minha...senti-me tolamente contente...pensei, também para mim, esse momento talvez tenha sido o ponto alto do meu dia...tolices...
terça-feira, abril 25, 2006
O meu pai faria hoje, dia 25 de Abril, 73 anos. Queria escrever e escrever sobre ti, sobre as tuas mãos a aparar madeira, a abrir peixes, a sopesar maçãs (as maiores) do mercado. Queria lembrar o teu corpo ao Sol, as braçadas vigorosas na água, o modo gentil como me ensinaste a nadar, sabes que esta paixão que tenho pelo mar é tua, herdei de ti, não pelo mar ao longe mas pela mistura de sal e pele, perder-se nas ondas, deixar-se tomar sem fôlego pelo vai vem das marés, roçar a areia do fundo e voltar à superfície de olhos vermelhos.
Ensinaste-me a honestidade e a franqueza, a fidelidade aos compromissos, a seriedade no trabalho, o respeito pelos outros, a solidão, a dedicação de corpo e alma a um só amor, nesse último ponto, perdoa porque não me parece ter sido capaz mas sempre me deixaste livre para ir, tomar as minhas decisões e eu fui e voltei, voltei sempre, aí perto de vós onde a felicidade era uma coisa simples.
Hoje fazes 73 anos e estamos contigo, sempre estaremos, no dia 25 de Abril, um cravo para ti pai!
domingo, abril 23, 2006
sábado, abril 22, 2006
Frase
segunda-feira, abril 17, 2006
Balanço
sábado, abril 15, 2006
Cristo e Babel
Babel, a mítica torre que Brueguel cheio de metásteses cristãs retrata em ruínas, foi o berço da nossa civilização; nela conta-se que as línguas proliferavam e os homens também como saraivadas de gafanhotos expeliam frases desconexas e assim ficavam atarantados da magia controversa das palavras que devia servir para se entenderem e afinal só os dividia. Cristo veio sem monumentos e sem coroa de rei, pobre e sofredor, quis instaurar a linguagem universal, a do coração, sem mais, como água transparente devia correr entre os homens que já não necessitavam de palavras para se entenderem, a linguagem de Deus, já não a dos homens. Mas de Cristo veio a estirpe dos que iniciaram uma outra linguagem, e destruíram templos. Quando falamos da tradição, do que nos une, não podemos falar só de Cristo. Nesse templo de Babel muitos acreditaram que apesar das línguas e das linguagens de Deus e dos deuses a humana busca de uma linguagem universal não pode ostentar a marca de um poder brasonado e inquestionável. Para além de todas as manifestações históricas diversas o coração nada rejeita e tudo inclui da diversidade, a linguagem do coração não pode ter pretensões hegemónicas ou estamos novamente a falar sem nos entendermos.
quinta-feira, abril 06, 2006
trazer-me o céu de Lisboa
no desenho que fizesse."
O'Neill
quarta-feira, abril 05, 2006
Minha laranja amarga e doce
meu poema
feito de gomos de saudade
minha pena
pesada e leve
secreta e pura
minha passagem para o breve breve
instante da loucura.
Minha ousadia
meu galope
minha rédea
meu potro doido
minha chama
minha réstia
de luz intensa
de voz aberta
minha denúncia do que pensa
do que sente a gente certa.
Em ti respiro
em ti eu provo
por ti consigo
esta força que de novo
em ti persigo
em ti percorro
cavalo à solta
pela margem do teu corpo.
Minha alegria
minha amargura
minha coragem de correr contra a ternura.
Por isso digo
canção castigo
amêndoa travo corpo alma amante amigo
por isso canto
por isso digo
alpendre casa cama arca do meu trigo.
Meu desafio
minha aventura
minha coragem de correr contra a ternura.
José Carlos Ary dos Santos