sábado, dezembro 30, 2006

blogs


num jantar, outro dia ,discutiam-se blogs. Há milhares de blogs e proliferam a ritmo alucinante . Cria-se um para a vidinha amorosa, para a dor de corno, para a culinária, para a política , para o sexo 'pros' diabetes... (olha uma ideia interessante , um blog de um diabético para diabéticos!) para o artesanato, porque sim e porque não e assim. O meu amigo dizia que alguns tinham melhor escrita que os jornais e cada vez se vendem menos jornais e há mais gente no computador a vampirizar as páginas pessoais e públicas desta nossa gente lusa que esgrime nestas paragens bloguísticas. O meu amigo , que é jornalista, contou ainda a história de uma rapariga que criou um blog onde se fazia passar por entrevada , sozinha e desamparada. Ao fim de algum tempo conseguiu uma família de comentadores que tiveram pena dela e, um dia, resolveram visitá-la na sua terra natal e ...Oh espanto! Oh admiração!, a criatura era perfeitamente saudável, gira, com corte de 'fans' e jogadora de 'basquet', dá para concluir que esta coisa de criar uma segunda personalidade e alimentá-la não é caso só de literatos . Quem não sente curiosidade por se colocar no lugar do outro?
O meu amigo jornalista ainda argumentou que era muito fácil criar um blog mas igualmente fácil largá-lo, era pois proporcional a quantidade diária de blogs criados com a de blogs largados por aí, sem dono ,no ciberespaço. I agree. Uma Associação para blogs abandonados fazia falta porque já são muitos, coitados! Não adiantava nada à cultura de cada um dizer que hoje é tudo de curta duração, toda a gente sabe o raio desta verdade cósmica: SIM, HOJE É TUDO DE CURTA DURAÇÃO! Por que carga de água havia de ser diferente com os blogs? É giro, coisa e tal, e depois, ao fim de um tempo já nã é aquilo e parte-se para outra! Parece que o 'fast food 'se entranhou na pele. (Esta frase nada tem de original é mesmo para consumir e deitar fora assim como as expressões americanizadas! )

terça-feira, dezembro 26, 2006

registo 1

De novo aqui, na Ocidental praia lusitana, encho os pulmões de ar! Preciso de mudar de ares! de paisagem, de secretária , de memória, de canção de embalar! Quem disse que os príncipes eram felizes para sempre?
Perguntam-me de onde falo...?Pois falo de cima dos montes - como o profeta !
Digo em voz alta que quem insiste na mentira acaba por senti-la como verdade!
O tom com que falo? Tom Jobim, claro! Não cantava ele: "Vai minha tristeza ..."

sábado, dezembro 23, 2006

Foto de Adriana Silva Graça

O espírito de Natal parece-me o espírito do encontro, todos juntos a fazer o mesmo. Reconforta.
Os anjos , arcanjos e outros querubins abandonaram a festa, estamos entregues a nós, não nos vamos desiludir certamente! Bom Natal!

quinta-feira, dezembro 21, 2006

AMANHÃ DOIS AMERICANOS, HOMEM E MULHER VÃO TER UM ORGASMO ÀS 15H !
OK! A NOTÍCIA NÃO TEM NADA DE ESPECIAL, HÁ MUITA GENTE QUE TEM ORGASMOS A ESSA HORA, E DEPOIS!?MAS NÃO! ESTE GESTO É SIMBÓLICO...ELES QUEREM COM O SEU GRITO CALAR AS BOMBAS...UM ORGASMO PELA PAZ!
PARECE-ME BEM, PRA FINAL DE ANO, DEPOIS DE TANTAS PALAVRAS EM SACO ROTO, SE NÃO CALAREM AS BOMBAS PELO MENOS CALAM OS VIZINHOS E DIVERTEM-SE UM BOCADO!
O CONVITE É PARA TODOS!
CUIDADO COM OS ENGARRAFAMENTOS!

segunda-feira, dezembro 18, 2006

Vivo dentro de mim
A paisagem que vivo não avisto, sinto
lupanares, lezírias
soltando-se asa, rodopio

Quando vivo não me acerco
desde criança que não há distâncias
de perto tudo é diferente no tempo
no espaço é o mesmo afinal
ir e vir
sem sair daqui do jardim

quinta-feira, dezembro 14, 2006

Madrid,Puerta del Sol, Natal de 2006. Ficou alguém em casa?

terça-feira, dezembro 12, 2006

o poder

o poder ainda é um afrodisíaco , o perfume, por exemplo não, a bondade também não.o comum é admirar-se quem tem poder, não importa como o conseguiu.refiro-me aos homens da corte e às novas mulheres da corte.os de sucesso.quero dizer: todos aqueles com secretárias particulares e pessoas a mando. a questão está em saber porque constitui o poder um objecto de desejo por si, talvez porque desejamos todos, lá no fundo e a medo alguns, ter poder.maybe. ter poder sobre alguém que o tem sobre os outros resulta como troféu conseguido e não há nada de desprezível em coleccionar troféus na vitrine como os caçadores e os desportistas, as taças, mas enquanto os primeiros me horrorizam, os segundos são motivo de admiração, não pelos troféus mas pelo seu significado, quer isto dizer que foram melhores, venceram os obstáculos e assim. mas não é o poder do vencedor que é afrodisíaco por si, porque este resulta de luta honesta, o poder afrodisíaco é mais o de um tipo com poder tácito sobre os outros, poder obscuro mas consentido que advém da manipulação, como se esta escondesse um secreto desígnio que nós comuns mortais não alcançamos mas ao qual devemos obedecer por uma também secreta consciência da nossa fraqueza e, sendo assim, a igualdade é mesmo um raio de uma utopia, ou então funciona ao invés do desejo, como se desejássemos o que não compreendemos ou o que de algum modo nos parece superior.

segunda-feira, dezembro 11, 2006



A paisagem que deixei, encostada por momentos ao tédio de todos os dias a ver, ressuscita um dia ao acaso, porque o mar é todos os dias novo, ou melhor, porque não há dias mas pormenores , não há sucessão mas escarpas, picos de emoção, aqui, ao canto, onde o corpo não é mais que um mecanismo de captação de sensações que a razão se prepara para , afincadamente delimitar, separar. Quando digo o meu mar, quero dizer : meu não é o corpo mas o que ele sente por aquilo que não lhe pertence.

quarta-feira, dezembro 06, 2006

Foto de Adriana Silva Graça
Agora que coloquei aqui esta imagem, não sei que dizer.Falo da natureza? Do poder das imagens? Do entusiasmo na luz de certas manhãs? Na qualidade estética das flores? Vou falar do entusiasmo da luz e sendo assim já falei. A luz entusiasma-me. "Entusiasma-me " lembra miasma, então melhor será dizer, o entusiasmo nasce no momento em que salta , como do nada e bruscamente (daí salta), um brilho na opacidade da coisa, gesto, expressão. O entusiasmo da luz de certas manhãs, está na luz das manhãs ou na criança (nós) que rimos só porque nasce o dia por cima das flores?

domingo, dezembro 03, 2006

eles, os poetas

contaram-me que um dia o Herberto Helder foi visitar o Eugénio de Andrade na sua casa na Foz do Douro e deu com ele empedernido da depressão, mutilado por paixões funestas, alquebrado e taciturno de queixas e maleitas. mostrou-lhe então o que andava a escrever, o mesmo de sempre, transparências ,corpos luminosos. Dá para pensar, se a poesia era aquela fulguração repentina que vinha mesmo da verdade do ser, então o Eugénio estava a fazer batota...ou será possível ser poético sem ser autêntico?