"Fumar mata" diz o maço de SG Filtro aqui, 'near me' ,em cima da secretária que está em cima da cerâmica que está em cima da placa que separa este primeiro andar do andar debaixo. Fumo um cigarro. Cof, cof, aí estamos nós a entrar na roda do fumo, na espiral do vício, na lenta ,inconsciente mas irrevogável caminhada para o fim. Cof,cof.
Bacall pede lume ao Bogart e diz, depois de acender o cigarro, que se encontra no andar debaixo e, se ele precisar de alguma coisinha, basta assobiar, ele não precisou de o fazer, naquele ínfimo espaço de dar lume, ela tinha olhado para ele, o fumo fez o resto.
Os cigarros, aprisionados no maço, continuam a olhar para mim...só os cigarros...já não é mau... a Bacall não está no andar debaixo, as letras do maço são razões de Estado, permitam-me evocar razões pessoais, nenhuma suficientemente clara e distinta, todas muito escorregadias, mas evoco a meu favor a mitologia recente: Dean, Bogart, Sartre, Mellville, Brel, Maurois ,Camus, Highsmith, Pessoa...bom ,não duvido que o cigarro pendurado na boca deles tenha sido cúmplice das mais perturbantes ideias, das formas mais arriscadas ,sem as quais, permitam-me, isto aqui era mesmo só o andar de cima...