sábado, dezembro 22, 2007

BOM NATAL PARA TODOS!

quarta-feira, dezembro 19, 2007

os meus pulsos e as veias,a chuva que cai lá fora. um país, um espaço, como o primeiro, a primeira vez. olhar ingénuo , a separação, o clamor, a ponte de palavras onde o tumulto quebrou ou arqueou um pouco o que era plano.as costas tensas e um imenso desejo de voltar ao princípio, de não se deixar levar por estratégias de aranha, de querer tudo, como uma criança aponta o dedo, aquilo ali. há quanto tempo deixámos de desejar? verdadeiramente como se cada dia fosse o primeiro e o último?
não podemos ter paz sem primeiro fazer a guerra. a paz é uma conquista. retomo as memórias, para nada deixar ao acaso, quiçá agora seja tudo irremediável, um dia gostava de não ser eu, que houvesse um gesto maior a resgatar o medo.a resgatar. a redimir.resisto à tentação da queixa, é altura de pegar a trouxa e zarpar.

domingo, dezembro 09, 2007

fixar em palavras

Ai que preguiça para escrever, será do inverno? destas andanças já natalícias? que precisam as palavras? obedeço à sua voz de comando, escreve. eu escrevo. vêm sempre de rompante, em golfadas, em "rolhões" as ideias ou os sentimentos, é com eles que se vão compondo, em sinuosas linhas, os discursos.devo-lhes muito, com elas fugi para bem longe e com elas me aproximei, sem saber. que todas as palavras trabalham no não dito, nesse território só ânsia, só vivido, território fugaz e subterrâneo que se esboroa e resiste.curioso desafio dar voz ao que a nega por ser púdico, estranho ou informe. curiosa exigência a do discurso dar a conhecer o que a nós próprios parece não ter ainda um rosto definido.Por mim passam notícias, fragmentos do mundo. desse mundo outro, o meu, em estado bruto, escoiceia. dou às palavras uma última chance de agarrar o que fica por dizer, ou o que nada diz, sei que tenho com elas um compromisso duradouro, até ao fim, não porque o tenha escolhido mas porque não pode ser de outro modo, porque é assim, crescemos juntas, agarradinhas, eu e as palavras, ao ponto de não saber onde estou ou o que sou sem primeiro ter escrito, estou aqui, à secretária e sou o que foram fazendo em mim, hoje delinearam uma concha na minha testa e aquilo que escrevo é fóssil, escrevo uma concha e já me afastei dela, já caminho para outra forma, talvez porque não pertença às coisas, talvez porque as coisas não me pertençam,mas posso com verdade fixar aqui ou ali as marcas da passagem e fixar-te . ao fixar-te nada fica como era antes.

segunda-feira, dezembro 03, 2007

impressões


Camille Paglia encontra a violência da sexualidade reprimida no ascetismo de Emily Dickinson, a incompreendida. A venda do produto americano Dickinson, a maior poeta, leia-se, a partir de Dante. Sado-masoquismo. A visão de um outro inferno já não romântico mas moderno.

Se fossemos todos paglia e dickinson. isto é extravagantes. se não fossemos o que somos voyeuristas indefesos. o inferno de dante também não seria, nem outros infernos.

para quem não tem musas,para quem só tem o pequeno ordenado e o carro e alguma família.

para quem tem só isto

para quem mesmo assim tem uma dor de infinito

uma vibração não negligente

um faro raro para detectar a fraude.