quinta-feira, setembro 27, 2007

Pontos para a política

Nem gosto do Santana, com fatinho de Verão muito menos, desconfio do ar de playboy de cruzeiro no Tejo. Gosto do Mourinho, eficiente e seguro, homem com obra feita. Mas neste momento não posso negar a razão ao Santana e rir-me da Sic Notícias para quem o afã de notícia carneirada só denigre a sua (pouca) credibilidade. Os meios de comunicação social são também responsáveis do descrédito da política, (para além da cara de rabo de ALGUNS políticos corruptos, digo alguns e quiçá Santana seja um deles, apesar da obra de arte que é o Túnel do Marquês). A política é assunto nobre, embora maltratado, não deixa de ser nobre, comparado com o futebol! As notícias tresandam de factos avulsos e exaustivamente imbecis (veja-se o caso Esmeralda!), excepção à RTP de hoje que teve a ousadia de tornar notícia um facto histórico: A erupção do vulcão dos Capelinhos!).
A Nero o que é de Nero, foi muito bem feito, a dita Comunicação Social deu cabo do Santana e quer continuar a fazer de conta, o tipo virou-lhes as costas! Ora ninguém quer saber dos discursos do Santana (pensam eles!) e a Sic só o convida porque não tem mais nada para o intervalo de qualquer coisa GRANDE como a chegada ao Aeroporto do dito cujo herói Nacional de Banda desenhada deste país de chutos na bola que é Portugal! De modo que um chuto no dito da Sic, deve ter sabido muito bem ao Santana, e a nós também!

segunda-feira, setembro 24, 2007

cogitando


Estava no meio de palavras e pensamentos. Bem no meio. Para a esquerda o mar e à direita as pedras. Pensaria com as palavras que era preciso caminhar pelas pedras para não cair no mar e o cabo desvaneceu-se e o mar com ele, ficou a perplexidade de uma direcção, para onde? Volto à frase do Ricardo Reis "Os deuses são deuses porque não se pensam." Está tão bem que não é preciso mais nada. Vou regar as plantas. Para quê pensar se por causa desse pensamento perdi a melhor parte do dia? Deixar, andar...ser...(nunca percebi bem o que isto quer dizer...).
Que palavra pode ainda abanar? Que pensamento é subversivo?
Se tivéssemos em nosso poder um megafone, que palavra de ordem gritaríamos? REVOLUÇÃO!?
Nã... dá muito trabalho! Depois nã temos fins de semana livres nem nada, e a roupa ficava uma desgraça, nem podíamos ir a casa trocar de roupa.

quinta-feira, setembro 20, 2007

Posso sonhar. Correr duna abaixo até ao mar. Pés descalços. Entrar mar dentro. mergulhar na água gelada.Sentir que toda a praia é minha, assim como meus são todos os desejos e que vêm ao meu encontro como convocados por uma força desconhecida.Posso evadir-me do princípio da realidade, sim, não deixar que ele me converta em impossível e violento tudo o que me parece possível e pacífico.Mas o mundo não é o que quero que seja, e por isso deixo de querer. Abandono o sonho. Reconheço a minha impotência para mudar o que não depende da minha vontade.Tão pouco sei como se faz ou se é possível fazer algo. Aquilo que quero, o que sempre quis não é material, não se conquista com lanças ,com palavras ou com posições, sempre caminhei nua para as batalhas, de coração limpo e com coragem, sem perceber que o mais provável era a derrota. Talvez me animasse a súbita beleza, a magia,o inevitável do coração, mas tudo isso parece agora pouco, esboroa-se nos dedos como se nada fosse ao ponto de duvidar se de facto terá sido...ai melancolia, sobra-me. Sobra-me demais.

domingo, setembro 16, 2007

ir ao mondego

Ia a descer o Mondego este fim-de- semana, os choupos debruçados nas margens, a serrania em declive manso, umas quantas casas empoleiradas.Um rio triste este Mondego, não só triste por ser triste o fado que o canta e que não me saía da memória, mas triste também pela natureza sombria da vegetação e das pedras cinzentas, xistosas, a melancolia da paisagem apela à meditação e entra-nos na alma, transformamos rapidamente as percepções em emoções e estas em sentimentos .O estado de alma de um povo traduz também as percepções da natureza que o envolve. Nós portugueses somos um pouco como o Mondego, mansos e melancólicos.Estava contudo um dia de Sol, um dia de calor, mas não sei se desta luz de Setembro ou se da consciência da despedida do Verão, ficou-me uma nostalgia, uma saudade de nem sei o quê pairando tal sombra sobre o fim-de-semana.
Esta sombra não é alheia à saga "Início do Ano lectivo" telefonam-me alguns colegas em PÂNICO turmas de 7º Ano onde os alunos têm 16 e 17 anos e nas aulas de apresentação já marcaram faltas disciplinares! O ENSINO, ai, que estamos nós a fazer? Que ensino? Gostava de ser optimista, talvez se tivesse ido ao Centro Comercial em vez de ter ido pelo Mondego abaixo pudesse ter, essa coisa enfim, do optimismo, quando vemos a nova gama de telemóveis ficamos tão contentes!
E agora dou-vos o Zeca, que é como quem diz ponho música!
Oh Coimbra do Mondego
e dos amores que eu lá tive [bis]
quem te não viu anda cego
quem te não ama não vive
quem te não viu anda cego
quem te não ama não vive
Do Choupal até à Lapa
foi Coimbra meus amores [bis]
e sombra da minha capa
deu no chão abriu em flores [bis]

segunda-feira, setembro 10, 2007

Mamografias e ecografias

Lá fui eu na roma ria, a rir de roma indo na ria (ai que me socorram as variâncias das palavras!) para desaguar em frente de instrumentos científicos. Os olhos espelhados das máquinas, os tubos, as sondas, o Raio X,a graça descontraída da médica, o meu medo. Já sofri demais com casos de mama vs útero.As vísceras em contramão, a reivindicar o seu protagonismo. Cada uma berra para o seu lado, há que dar-lhes ouvidos. O periscópio virado às entranhas. Nódulos e mais nódulos, constelações quísticas, a responder em eco à sonda. O meu pavor inteirinho a trautear músicas silenciosas, a consciência de coisa em vias de entornar, tipo fêmea, uma vontade louca de subir calças, apertar soutiens e rumar dali para fora rápido, apanhar a trouxa e dormir à sombra de um embondeiro. Como a natureza, sou refém do capricho dos elementos mas, nostalgias aparte, tenho um bom abrigo, não entusiasmante mas eficaz, estou a falar da ciência, há que se submeter a ela, não faz milagres mas remenda bem.

quinta-feira, setembro 06, 2007

moral e estética

Gina Pane, França, 1939/1990
Poderá haver beleza no sofrimento? Sim.
Dizemos sim mas revoltamo-nos contra a ousadia ou a indiferença.Ajuizar esteticamente algo que deveria apelar a sentimentos morais é como ir buscar a máquina fotográfica enquanto alguém se esvai. Ajuizar esteticamente o sofrimento é como trai-lo, trair aquilo que no sofrimento apela por acção, alívio, empenhamento. Quer queiramos quer não, é mais forte a moral que a estética.A moral é uma força que nos torna iguais e solidários, a estética separa-nos da pessoa, coloca-a como obra, ora a obra atrai-nos mas inibe a aproximação.

domingo, setembro 02, 2007

que tempos estes

32º a temperatura do ar. No forno estavam 250º, a temperatura para assar um pedaço de carne. Os carros movimentavam-se para cá e para lá na auto-estrada e as notícias falam dos 76 mortos em Agosto, na estrada. Volto a página deste livro, o calor da praia, o absurdo do asfalto onde nos queimamos e Hélas! a frágil membrana que protege esta atmosfera , uma vez destruída a membrana,o calor do Sol pode assar-nos devagarinho.Assusta-me pensar na indignação que sinto por ver Torre Bela, as mãos dos trabalhadores misturadas aos profanadores remexendo nas coisas do palácio do Duque de Lafões e este de bela boca a vomitar mentiras com toda a convicção.Não, nenhum deles tem razão ou ambos a têm. Assusta-me a minha fixação na bela boca do duque de Lafões e a repugnância face à possibilidade de abolir a propriedade privada. Que tempos estes...